sábado, 30 de abril de 2011

Sonhar também pode curar

Adenáuer Novaes refere que o acto do sonhar é considerado pela Psicologia Transpessoal uma fonte de «dados muito úteis à compreensão dos processos psicológicos, os quais contribuem enormemente para a psicoterapia».

"A maior parte das sensações de estar fora do corpo também tende a ocorrer quando a pessoa está sonhando, ou pelo menos quando está na cama. (...) Ás vezes o sonho lúcido é considerado uma forma inferior de experiência fora do corpo." (Laberge)

Por outras palavras, Laberge partilha da mesma opinião de Novaes: "O sonho lúcido tem um potencial considerável na promoção do crescimento e do desenvolvimento pessoais, no aumento da autoconfiança e na melhoria da saúde mental e física, além de facilitar a resolução de problemas de criatividade e ajudar a progredir no caminho do autocontrole."

O sonho lúcido dá-se quando a pessoa que está a sonhar tem plena consciência desse facto, e sabe que naquele momento, apesar de estar a dormir também está a sonhar.
"Quem sonha lucidamente, ao mesmo tempo em que está completamente fora de contacto sensorial com o mundo exterior, portanto totalmente adormecido para o mundo, tem perfeita consciência de todos os sonhos e está tão (ou quase) de posse das faculdades mentais como quando está acordado. Por isso pode-se considerar que quem tem sonhos lúcidos está completamente acordado para o mundo interior dos seus sonhos" (Laberge)


As pessoas que têm sonhos lúcidos descrevem as sensações que têm em comum com quem sonha durante o transe profundo de hipnoterapia. Ambas sentem as imagens como se fossem reais ou quase reais, podendo mesmo exercer controlo das próprias funções fisiológicas.
"Sabemos que alguns sonhos eróticos em determinados indivíduos, sob certas condições, podem provocar o orgasmo, (C. G. Jung, Obras Completas, Vol. VI, par. 1031. Decifrando a Linguagem dos Sonhos, p. 81. Os Sonhos e a Morte, p. 120.) interferindo assim no organismo sonhador." (Novaes)

Laberge refere ainda que "Segundo os drs. Dennis Jaffe e David Bresler, "as imagens formadas mentalmente mobilizam as forças interiores e latentes da pessoa, forças que têm um potencial imenso para ajudar no processo de cura e defesa da saúde". Qualquer que seja o funcionamento das imagens formadas, são usadas em inúmeras abordagens psicoterapêuticas, que vão da psicanálise à modificação do comportamento."


A dificuldade em dormir (insónia) pode ter a ver com a preocupação de algo importante durante o dia, mas também por algo incompreensível e complexo na vida íntima da pessoa. Quando se acorda devido a um pesadelo, não se trata do problema, alivia-se temporariamente o medo contudo o conflito permanece por resolver. Ficar com o pesadelo e aceitar o seu desafio procurando resolver o problema durante a lucidez do sonho ajuda-nos a tornarmo-nos mais saudáveis do que antes.

A ansiedade sentida em situações ameaçadoras serve apenas para nos instigar a fazer uma varredura mais cuidadosa das nossas condições a reavaliar as possiveis rotas de acção na procura de uma solução que passou despercebida; em resumo, para que fiquemos mais conscientes.

"Era costume pensar-se que a insónia era prejudicial porque nos privava do sono. Sabemos agora que ela é prejudicial porque nos priva dos nossos sonhos. Os sonhos parecem ser essenciais para a saúde mental. As perturbações de personalidade ocorrem se as pessoas são privadas da oportunidade de sonhar por serem totalmente privadas do seu sono." (Dudley)



Bibliografia:
Dudley, G.A. (1995) Os sonhos - O mundo misterioso do sono. 2ª edição. Editorial Estampa
Laberge, S. (1990) Sonhos lúcidos. Siciliano Livros, Jornais e Revistas Ltda.
Adenáuer Novaes (2001) Sonhos: mensagens da alma. Fundação Lar Harmonia. Salvador
Harary, K.; Weintraub, P. (1993) Sonhos lúcidos em 30 dias. Editora Ediouro

Postado por Sandro Coelho

Sem comentários:

Enviar um comentário