quinta-feira, 30 de junho de 2011

Meditação


“Etimologicamente, as palavras em sânscrito e tibetano que traduzimos por “meditação” são, respectivamente, bhavana, que significa “cultivar”, e gom, que significa «familiarizar-se».” (Richard, 2011:15) Deste modo, a meditação pretende desenvolver as qualidades que todos os indivíduos partilham e que, muitas vezes, estão camufladas e subestimadas, pelo que se aprendêssemos a cultivar o amor altruísta e a paz interior e se, paralelamente, o nosso egoísmo e o seu cortejo de frustrações se atenuassem, a nossa existência não perderia nada da sua riqueza; muito pelo contrário.” (Richard, 2011:13)
Considerando que a prática em questão se dedica ao espírito, torna-se fundamental descodificá-lo.

“Segundo o budismo, o espírito não é uma entidade mas uma corrente dinâmica de experiências, uma sucessão de instantes de consciência. Essas experiências são muitas vezes marcadas pela confusão e o sofrimento, mas também podem ser vividas num estado espaçoso de clareza e de liberdade interior.” (Richard, 2011:20)

Para acedermos ao nosso espírito e para desfrutarmos da sensação de bem-estar com a prática da meditação, é preciso ter em conta vários factores, nomeadamente a escolha do local acertado e que propicie a meditação, uma postura apropriada, atenção à correcta respiração e o entusiasmo e interesse pela prática.
É preciso mantermos o interesse diário para o aproveitamento e desenvolvimento desta prática em proveito próprio que aumentará e consolidar-se-á de dia para dia.




Maria Luísa Teves
3º Gs





Bibliografia
Richard, M. (2011). A arte da meditação: porquê meditar? Sobre o quê? Como?. Lisboa: Presença

Bibliografia Electrónica
Acedido a 21 de Maio de 2011 às 23:20
Acedido a 21 de Maio de 2011 às 23:50

 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Watsu

Watsu



Harold Dull é o criador das técnicas de Watsu, esta técnica teve várias influências de técnicas orientais como Shiatsu.

Harold Dull começou em 1980 com os seus pacientes a fazer exercícios de relaxamento e actualmente já 40 países esta técnica é utilizada para o tratamento de dores crónicas. O Watsu dispõem de um conjunto de exercícios de relaxamento que implica a confiança no facilitador, as pessoas são levadas a uma descontracção tal que saem completamente descontraídas depois da sessão. O Watsu é por isso também considerado muito importante para o alívio do stress, as pessoas ao fim de algumas sessões notam uma grande diferença.

De acordo com  Peggy Schoedinger

“O Watsu é uma forma passiva de trabalho corporal/terapia aquática que apóia e movimenta gentilmente uma pessoa em água morna, realizando movimentos fluidos e graciosos. O Watsu promove um profundo estado de relaxamento com mudanças dramáticas no sistema nervoso autônomo. Ao acalmar os sistemas nervosos simpático e parassimpático, o Watsu possui efeitos profundos sobre o sistema neuromuscular

Os efeitos simpatolíticos do Watsu levam a uma melhora no sistema nervoso parassimpático. Mudanças fisiológicas ocorrem por todo o corpo. Estas mudanças podem incluir:

  • Diminuição da frequência cardíaca
  • Diminuição da frequência respiratória
  • Aumento da profundidade respiratória
  • Aumento da vasodilatação periférica
  • Aumento da atividade do músculo liso (digestão)
  • Diminuição da ativação dos músculos estriados (esquelético)
  • Diminuição da convulsividade
  • Diminuição de espasmos musculares
  • Diminuição da atividade do Sistema Reticular Ativador
  • Melhora na resposta do sistema imunológico

O Watsu ajuda a diminuir a tensão muscular e aumenta a variação de movimento. O apoio fornecido pela água fornece alívio na compressão nas juntas. Os movimentos na água proporcionam um leve alongamento da espinha e extremidades enquanto descarregam o peso sobre as juntas.

Os pacientes relatam diminuição da dor com a diminuição do espasmo muscular, aumento da variação de movimento e profundo relaxamento, causados pelo Watsu. Muitas pessoas também relatam uma diminuição na dor emocional.

Os terapeutas que utilizam o Watsu como parte de seu programa de terapia aquática relatam as seguintes melhoras em seus pacientes:

1.Benefícios imediatos após a primeira sessão

  • Aumento da variação de movimento
  • Aumento no relaxamento muscular
  • Diminuição do espasmo muscular
  • Diminuição de espasmos
  • Diminuição de dores

2. Benefícios de longo prazo após múltiplas sessões

  • melhora nos padrões de sono
  • melhora na digestão
  • melhora na resposta do sistema imunológico
  • diminuição das dores
  • diminuição da ansiedade
  • muitos clientes relatam uma diminuição da dor emocional

O Watsu está sendo incorporado em programas de tratamento terapêutico na água em hospitais, clínicas e centros de reabilitação em todo o mundo. Os terapeutas estão impressionados com os benefícios trazidos a muitos de seus pacientes. Algumas das pessoas que foram beneficiadas incluem aquelas que apresentam:

  • dano cerebral traumático
  • dano na medula espinhal
  • derrames
  • mal de Parkinson
  • artrite
  • paralisia cerebral
  • dor crônica
  • fibromialgia
  • espondilite anquilosante
  • pós-mastectomia
  • pós-cirurgia torácica
  • pós-estresse traumático

Muitos clientes relatam que não há nada mais eficiente em diminuir sua dor e melhorar sua habilidade de movimentação”1

Desta forma o Watsu torna-se uma técnica muito favorável para os idosos com ou sem problemas de saúde, uma vez que melhora o bem-estar do idoso.
1 http://www.watsu.com/benefitsp.html



Publicado por: Maria Inês Santos

PSICOLOGIA TRANSPESSOAL E ESPIRITUALIDADE (PARTE 2)



Para a Psicologia Transpessoal, a necessidade de transcendência é envolvida pela espiritualidade: considerada como um “aspecto central no desenvolvimento humano” e como busca de um sentido significativo para a existência; a espiritualidade não deve ser confundida com a prática religiosa, com instituições e dogmas, mas sim como um meio legítimo que possa favorecer “uma ótica de confiança” e torne possível “a perspectiva de uma sociedade melhor” (SALDANHA, 2008, p.149).  
Segundo Leonardo Boff, “espiritualidade tem a ver com experiência, não com dogmas, não com ritos, não com celebrações”, pois essas práticas podem favorecer a vivência da espiritualidade, de certa maneira nasceram da espiritualidade, mas não são a espiritualidade (BOFF, 2001, p.66).
Ao interrogarem Dalai Lama sobre como ele definiria espiritualidade, sua resposta foi: “É aquilo que produz no ser humano uma mudança interior” ( BOFF, 2001, p.16).
Leonardo Boff nos traz ainda uma profunda reflexão sobre “a espiritualidade de Jesus”, estimando duas experiências básicas que ancoram o cristianismo. A primeira como sendo a mística de sentir-se Filho de Deus,  Abbá Pai,  que vem como expressão própria de Jesus e denota uma linguagem infantil como forma de chamar ao pai e ao avô - um Pai de infinita bondade, misericórdia e perdão – que nos irmana em amorosidade e nos reveste de “suprema dignidade” como condição de “família de Deus, de carregarmos Deus dentro de nós e de Deus carregar-nos dentro Dele”. A segunda experiência é anunciada como o Reino de Deus que está no nosso meio, a partir do interior de cada ser humano, “alegria de todo o povo como diz São Lucas em seu evangelho” (BOFF, 2001, p.32-35).
A conversão que Jesus nos anuncia é a transformação espiritual, em essência a transformação em nosso interior:
Mas essa transformação não começa e termina no interior de cada ser. A partir do interior, ela desencadeia uma rede de transformações na comunidade, na sociedade, nas relações com a natureza e com o universo inteiro (BOFF, 2001, p.36).
A separação do divino e do humano, a oposição entre o céu e a terra, o sentido dualista da espiritualidade  são idéias que determinam um desequilibro no ser humano: por um lado, a escolha de ir-se contra o corpo e contra o mundo terreno; por outro lado, um culto exclusivo à matéria, uma falta de sentido, um vazio existencial.  
Para Jean-Yves Leloup, o desenvolvimento da espiritualidade pressupõe a integração da imanência e da transcendência, a não oposição entre o céu e a terra, o ser espiritualista sem esquecer-se da dimensão corporal e o ser materialista sem esquecer-se da dimensão espiritual: “Porque o céu e a terra foram feitos para as núpcias. Assim como a matéria e o espírito são feitos para se unirem” (LELOUP, 2000 a, p.92). 
Muito da vida religiosa é separada do corpo, determinando uma dicotomia da pessoa e um conseqüente sofrimento: sente-se uma falta, uma perda, uma ausência. Faz-se necessário, portanto, cuidar do corpo e do espírito, em integração, pois ora estamos cuidando intensamente do espírito e ora estamos cuidando intensamente do corpo. “A cisão e a separação entre os mundos faz parte desta época doente”, dessa sociedade compartimentada que se prolonga em vivências de desencontro e desunião ESPIRITO AMIGO, B.N. 570, 2008, p.7).27
Na Psicologia Transpessoal, são definidos dois eixos que constituem seu corpo eórico, apresentados como idéias importantes para a compreensão do nosso processo integrativo e de transformação, simbolicamente representado por uma cruz, imanência e transcendência: eixo evolutivo e eixo experiencial. A linha horizontal representando o eixo experiencial, que contém a integração de quatro funções psíquicas: razão, emoção, intuição e sensação (REIS), que deverão se harmonizar como elementos do desenvolvimento humano, sem preponderância de um em detrimento do outro, sob pena de se criar situações que possam determinar desequilíbrio e desintegração. A linha vertical representa o  eixo evolutivo que se relaciona com percepções mais sutis da realidade, sentimento de união com a totalidade e expressão da natureza amorosa do ser (SALDANHA, 2008). 
Esse simbolismo da cruz nos remete ao sentido cristão e nos é lembrado por Jean-Yves Leloup e Leonardo Boff: o eixo horizontal representando nossos braços abertos para a humanidade, para os animais, para os vegetais, enfim, para tudo que está contido no planeta que habitamos, numa reverência amorosa de paz e de puro acolhimento; e o eixo vertical representando nosso caminho do enraizamento à abertura, nossa elevação à transcendência, ao divino, a Deus (LELOUP, 2000 a; BOFF, 2001). 

Boff, L (2001) - Espiritualidade

Postado por: Graça Carvalho

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Poder dos Mitos (Conclusão)

Por: Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Selecção, resumo e adaptação do Livro "O Poder do Mito" de Joseph Campbell, feito por Carlos Guimarães - Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles têm a ver com nossas vidas?
Histórias ou contos de fadas são histórias com motivos mitológicos desenhadas especialmente para as crianças, que normalmente falam de uma menininha no limiar da passagem da infância para a descoberta da sexualidade. É por isso que o chapeuzinho vermelho veste uma capa vermelha. Algo nela exige, sem que ela queira, que faça o percurso pelo meio da floresta (nosso lar de origem, onde se escondem os nossos instintos), até chegar à casa da avó (a cultura tradicional que devemos respeitar). Chapeuzinho está em fase de transição. A capa vermelha lembra o sangue da menstruação. A jovem é algo muito atraente para o Lobo. Ainda hoje dizemos que um homem apaixonado e desejoso por uma mulher é um lobo. E ela não consegue evitar de conversar com o Lobo no meio do caminho. Na história original, o chapeuzinho transforma-se numa loba, ela sabe que a velha cultura repressora deve ser morta para que ela possa sentir o que deseja.
A história da Bela Adormecida é semelhante, ao completar dezasseis anos, a princesa parece hesitar diante da crise da passagem da infância à idade adulta e sente-se atraída em furar o dedo na roca que a fará adormecer. Enquanto dorme, o príncipe ultrapassa todas as barreiras que ela, sem querer, levantou contra a sua maturação e vem oferecer-lhe uma boa razão para aceitar crescer. O beijo mostra que crescer, ao final de contas, tem o seu lado agradável. Todas as histórias dos irmãos Grimm representam a menininha paralisada, com as matanças de dragões e travessias de limiares têm a ver com a ultrapassagem da paralisação, com a superação dos demónios internos.

Os rituais das "primitivas" cerimónias de iniciação têm sempre uma base mitológica e relacionam-se com a eliminação do ego infantil quando vem à tona o adulto, ou tem em vista mostrar os próprios medos e demónios internos. No primeiro caso, é sempre mais duro para o menino, já que para a menina a passagem dá-se naturalmente. Ela torna-se mulher quer queira ou não, mas o menino, primeiro, tem de se separar da própria mãe, encontrar energia em si mesmo, e depois seguir em frente. Na Odisseia, Telémaco vive com a mãe. Quando completa vinte anos, Atena vem ter com ele e diz-lhe: "Vá em busca de seu pai". Este é o tema em todas as histórias. Às vezes é um pai místico, mas às vezes, como na Odisseia, é o pai físico.
O tema fundamental nos mitos é e sempre será a procura espiritual. Vemos que nas vidas dos grandes Mestres espirituais da Humanidade sempre nascem lendas e mitos ligados a eles, figuras históricas reais. A história real de Jesus, por exemplo, parece representar uma proeza heróica universal. Primeiro, ele atinge o limite da consciência do seu tempo, quando vai ter com João Batista para ser baptizado. Depois, ultrapassa o limiar e isola-se no deserto, por quarenta dias. Na tradição judaica, o número 40 é mitologicamente significativo. Os filhos de Israel passaram quarenta anos no cativeiro, Jesus passou quarenta dias no deserto. No deserto, Jesus sofreu três tentações. Primeiro, a tentação económica, quando o Diabo diz: "Você parece faminto, meu jovem! Por que não transformar estas pedras em pão?" Depois vem a tentação política. Jesus é levado ao topo da montanha, de onde avista as nações do mundo, e o Diabo diz: "Tudo isto te darei, se me adorares", que vem a ser uma lição, ainda não compreendida hoje, sobre o quanto custa ser um político bem-sucedido. Jesus recusa. Finalmente o Diabo diz: "Pois bem, já que você é tão espiritual, vamos ao topo do templo de Herodes e atira-te de lá abaixo. Deus o acudirá e você não ficará sequer machucado". Isto é conhecido como enfatuação espiritual. Eu sou tão espiritual que estou acima das preocupações da carne e acima deste mundo. Mas Jesus é encarnado, não é? Então ele diz: "Você não tentará o senhor, teu Deus". Essas são as três tentações de Cristo, tão relevantes hoje quanto no ano 30 de nossa era.

Está no interior de cada um a capacidade de reconhecer os valores da vida, para além da preservação do corpo e das ocupações do dia-a-dia.

Os mitos estimulam a tomada de consciência da sua perfeição possível, a plenitude da sua força, a introdução da luz solar no mundo. Destruir monstros é destruir coisas sombrias. Os mitos apanham-no lá no seu íntimo. Quando Criança, nós encaramo-los duma forma. Mais tarde, os mitos dizem-nos mais e mais e muito mais. Quem quer que tenha trabalhado seriamente com ideias religiosas ou míticas sabe que, quando crianças, nós sentimo-las duma certa forma, mas depois outros níveis se revelam. Os mitos estão muito perto do inconsciente colectivo, e por isso são infinitos na sua revelação.
Postado por: Delfina Correia

sexta-feira, 24 de junho de 2011

DESMATERIALIZAÇÃO

Desaparecimento integral ou parcial do corpo físico de um médium ou de objectos físicos sólidos durante uma sessão, a desmaterialização é também o reverso da materialização, ou o aparecimento de apports – objectos que surgem durante uma sessão, aparentemente vindos de lado nenhum. A literatura espírita está repleta de relatos de desmaterializações espectaculares, sob cuja designação se incluem também esses famosos “encolhimentos” de médiuns, como os de Eusapia Palladino.
O Dr. P. Bribier, que testemunhou um deste incidentes, forneceu do mesmo um relato típico: “Lucie desapareceu gradualmente…”, escreveu o médico, “em dois segundos… tal como aparecera… em frente das cortinas ao lado das quais eu me encontrava. As cortinas não se mexeram… No preciso momento em que o último branco desaparecia do tapete no local onde a figura estivera, inclinei-me e pousei a minha mão sobre ele, mas não senti nada.”
Porém, a mais maravilhosa desmaterialização de que há registo foi talvez a experimentada por uma tal Mme. d’Esperance, um médium que se desmaterializou totalmente consciente na presença de testemunhas que confirmaram os acontecimentos, de outro modo inacreditáveis. O alegado episódio teve lugar em Helsingfors, Finlândia, a 11 de Dezembro de 1895. Durante cerca de quinze minutos, a parte inferior do corpo de Mme. d’Esperance pura e simplesmente desapareceu, ficando a sua saia caída na cadeira como se nada existisse sob ela. “Relaxei os músculos e deixei cair as mãos no colo”, recordou o médium, “e descobri que, em vez de estarem assentes nos meus joelhos, elas pousavam na cadeira em que eu estava sentada. Esta descoberta perturbou-me imenso, e perguntei a mim mesma se estaria a sonhar. Apalpei cuidadosamente a minha saia, toda ela, tentando localizar os meus membros e a metade inferior do meu corpo… tudo… tinha desaparecido completamente… No entanto, sentia-me como habitualmente – até melhor do que habitualmente… Quando me inclinei para a frente para verificar se os meus pés estavam no seu lugar, quase me desequilibrei, o que me assustou bastante… Estendi a mão e peguei na do Prof. Seilings, pedindo-lhe que me dissesse se estava realmente sentada na cadeira. Esperei angustiadamente a sua resposta, em perfeito suspense. Senti a sua mão como se ela tocasse os meus joelhos, mas ele disse: “Não está nada aqui a não ser a sua saia.”


Postado por: Ana Paula Sousa

Eutonia

 Biografia de Gerda Alexander

Gerda Alexander, nasceu em 21 de Fevereiro de 1908 na cidade Mupert, (Alemanha), numa família que tinha muito gosto pela música, desenvolvendo assim um gosto especial pela dança.
Estudou na escola Dalcrozi, onde se formou como professora de dança. Como docente tomou contacto com as inovações pedagógicas da sua época, como os conceitos educativos de Maria Montessori, que dizia que a aprendizagem deve provocar felicidade, desenvolver a criatividade e a capacidade natural, ao mesmo tempo em que se constrói o aprendizado. Gerda sofria de febre reumática e tinha muitas crises que a obrigou precocemente a criar diferentes formas de movimentos. Os longos períodos de dores, infecções e repousos estimulou-a a buscarem uma forma de movimento mais económico e espontâneo. A partir do autoconhecimento do tonos, obteve um maior bem-estar. Gerda Alexander postulava que: “é preciso aprender a cada dia um pouco mais, que somos esses corpos no qual podemos nos apoiar”.
 As investigações e o trabalho físico de Gerda Alexander na área das artes do movimento parte da premissa de buscar possibilidade de expressar-se sem modelos pré-estabelecidos, que interfiram nas possibilidades funcionais e criativas. No início, essa prática tinha o nome de “movimento espontâneo”, posteriormente passou a chamar-se “prática de eutonia”.
No seu livro Le corps retrouvé par l´eutonie (El cuerpo descu bierto por la eutonía), propõe adaptar a eutonia ao mundo ocidental, que ajuda o homem do nosso tempo a alcançar uma consciência profunda da sua própria realidade corporal e espiritual em autêntica unidade, provocando o descobrimento de si mesmo e ampliando a sua consciência.
A palavra eutonia – eu - vem do grego bom, harmonioso - tónia- tónus, tensão, foi criada em 1957 para traduzir a ideia de um tónus bem equilibrado e em constante adaptação. Gerda Alexander chegou à conclusão de que ao estimularmos a consciência e a capacidade do movimento do ser humano provocamos melhorias na saúde e no comportamento geral das pessoas.
A pessoa entra em contacto com o tempo do organismo, com os ritmos internos e com o diálogo entre este universo interno (sensações, percepções, emoções, pensamentos) e o externo (o corpo em relação ao espaço, aos objectos, aos outros seres, ao solo, ao ar, aos sons, às forças da Física que actuam sobre o corpo, etc.). À medida que se conhece o corpo aprende-se a economizar energia e equilibrar as tensões, reconhecendo as suas necessidades de actividade, de descanso e incorporando hábitos saudáveis.
A Eutonia é um caminho preventivo que melhora a qualidade de vida respeitando o ritmo pessoal de cada um. Músicos, dançarinos, atletas, actores, artistas e artesãos se beneficiam muito com a prática, além de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com limitações físicas.

Como se trabalha?

Os atendimentos podem ser em grupo ou individuais.

 Atendimento em grupo

No repouso e em movimento o corpo é explorado através da atenção, da auto observação e do conhecimento da anatomia e fisiologia. Utilizam-se objectos auxiliares variados tais como bolinhas, bambus, sementes, almofadas, pedras, tecidos, etc., para aprofundar a pesquisa.

Atendimento individual

O eutonista realiza toques e manobras atendendo às necessidades mais imediatas do indivíduo. Inclui exercícios e, também, o uso dos objectos auxiliares. Um dos aspectos importantes dos atendimentos é a criatividade do eutonista e dos alunos nesta exploração do corpo. Um processo lúdico e dinâmico em que a curiosidade e a individualidade são incentivadas.
Gerda Alexander descrevia a Eutonia como uma Pedagogia-terapêutica, pois visa que os alunos se tornem autónomos na manutenção do bem-estar corporal e na busca da saúde. O eutonista indica caminhos e recursos, orienta a pessoa a desenvolver uma pesquisa pessoal com liberdade. Este é um de seus maiores benefícios.

Indicações e benefícios

         ·            Equilibra as funções vegetativas: sono, respiração, digestão, circulação cardiovascular, circulação linfática.
         ·            Promove profundo autoconhecimento, percepção da totalidade e integração corpo/mente/espírito.
         ·            Confere autonomia: Os alunos aprendem a assumir a responsabilidade pela própria saúde e bem-estar adquirindo os recursos necessários para tal.
         ·            Melhora a qualidade de vida.

Alguns dos temas trabalhados nas aulas de eutonia:

         ·            Tacto Consciente - trabalho de sensibilização da PELE estimulando os receptores de tacto. Torna mais clara a sensação de contorno e a imagem corporal.

         ·            Consciência Óssea - desenvolvimento da consciência óssea é um fundamento da Eutonia que, assim como o tacto consciente, está intimamente ligado ao desenvolvimento de uma imagem corporal mais rica tendo grande importância na estruturação das formas do corpo. Os ossos são referências para movimentos, apoios, tamanho, volume e imagem do corpo.

         ·            Movimento eutônico - através da prática da eutonia encontrará a habilidade de realizar os movimentos para que chamamos “eutônica”. Este é um dos objectivos fundamentais. Alguns dos aspectos que podem ser observados durante a realização do movimento eutônico são: a leveza, a precisão, o equilíbrio de tónus, a expressão pessoal e a preparação para as acções do quotidiano.
A prática da eutonia pode enquanto técnica corporal, dar a sua contribuição no sentido de desenvolver no indivíduo uma nova consciência, capaz de nos livrar do condicionamento milenar e obsoleto ao qual todos ainda estamos submetidos.

Podemos então notar que no processo de crescimento, aprendizagem e cura de cada um de nós, a eutonia é mais uma ferramenta que nos impulsiona para o caminho da transpessoalidade. E, nesse caminho, a eutonia passa a dialogar e a construir uma amizade bastante rica e promissora com a psicologia transpessoal, levando a uma rede de inter-relações, de carate energético, que está em harmonia: o Todo integrado.

                                  
                                                           Postado por: Rosa Maria Rainho Pedro
                                                                                  Aluna 3º GS

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O SOFRIMENTO E A MORTE


Se bem se lembram no dia 8 de Junho, coloquei um excerto de uma Monografia apresentada como item de avaliação do curso de Psicologia Transpessoal, pela ALUBRAT – CESBLU, sob orientação da Profª M.S. Célia Maria Lameiro Rodrigues. Cujo título é: Vivências Emocionais de Equipes de Saúde Trabalhando em UTI Pediátrica: um Olhar Transpessoal Sobre o Sofrimento e o Morrer” - por Luciana Marin Jardim Lange e Rosângela A. Lucindo Pedroso Fiorelli. Todos nós sabemos que estamos a morrer embora não o admitamos. Morte tem uma conotação negativa e é considerado como desconhecido. Espero que mais uma vez, este excerto possa ser útil para aceitarmos que estamos a morrer e assim aproveitar todos os amanheceres que a vida nos dá enquanto durar esta viagem.
                                                                                                
“Tradicionalmente a morte designa o fim absoluto do que é tido como positivo.
Sob o enfoque psicológico, constitui uma das duas etapas básicas do processo de evolução da vida, em conjunto com o renascimento. Nesta perspectiva o processo de evolução do ser humano desenvolve-se através de sucessivas mortes e renascimentos, ciclo este que se inicia com a própria morte da vida intra-uterina.
No sentido esotérico representa o acesso a uma nova vida e a mudança profunda pela qual passa todo aquele que se encontra sob o efeito da iniciação. Enquanto símbolo, corresponde ao aspecto perecível e destrutível da existência bem como à evolução e à introdução. Ao desmaterializar forças tidas como negativas e regressivas liberta as de ascensão do próprio espírito. Tal perspectiva, no entanto, não impede que o mistério da morte gere angústia diante do desconhecido e da possibilidade de mudanças para uma forma de existência inexplorada.
Morremos inúmeras vezes e cada uma dessas mortes representa uma etapa na transição e aperfeiçoamento de valores e atitudes necessários a esse processo evolutivo.
“A morte nos lembra que é preciso ir ainda mais longe e que ela é a própria condição para o progresso e para a vida” (Chevalier, 1989, p. 623).
Numa perspectiva histórica e sociocultural, a dor e a morte, no âmbito das terapias da saúde, têm sido restringidas a um problema técnico. O sofrimento perde seu significado íntimo e pessoal e as pessoas perdem a capacidade de enfrentamento da dor, que é despojada de sua dimensão existencial subjectiva. “Vivemos em uma sociedade em que o sofrer não tem sentido e, por isso, tornamo-nos incapazes de encontrar algum sentido em uma vida marcada pelo sofrimento” (Léo Pessini, in Angerami-Camon, 2004, p. 65).
“A dor pode ser definida como uma perturbação, uma sensação no corpo. O sofrimento, por outro lado, é um conceito mais abrangente e complexo, atinge toda a pessoa. Pode ser definido, no caso de doença, como um sentimento de angústia, vulnerabilidade, perda de controlo e ameaça à integridade do eu. Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor. Em cada caso, só nós podemos senti-lo, bem como aliviá-lo. A dor exige medicamento e analgésico; o sofrimento clama por sentido” (Léo Pessini, in Angerami-Camon, 2004, p. 66).
Weil (1995) considera que “(...) não pode haver morte absoluta, (…) toda morte é uma transformação de energia que forma diferentes sistemas percebidos como perecíveis (…), morrer consiste em uma mudança do estado de consciência de vigília para um estado de consciência de sonho, de sono profundo ou de consciência cósmica, segundo o grau de desapego e descondicionamento alcançado na última existência” (p. 205-207).
Sob o enfoque Transpessoal a morte corresponde “(...) a transição, (...) a passagem de uma forma para tomar outra forma, acrescendo elementos de maior alcance na escala universal e mantendo a essência indivisível do elemento anterior que consiste na vida em si própria” (Saldanha, 2007, p. 12).
Tudo é vida, num “continuum” no qual nascer, morrer e renascer integra um único processo de transformação. A vida individual encontra-se integrada à vida cósmica com a qual forma um todo indivisível e a evolução e o conhecimento adquirido durante a existência prevalece após a morte física.
Indo para além da dualidade espaço interior/espaço exterior podemos vivenciar esse “continuum” psicobiofísico e cósmico de nossa existência e perceber que o ego não possui existência independente. A ideia de um eu separado é ilusória, destituída de realidade.
Nesta perspectiva Francisco Varela (in Capra. 1996) conclui que “nosso impulso para nos agarrarmos a uma terra interior é a essência do ego-eu e é a fonte de contínua frustração (...). Esse agarrar-se a uma terra interior é, ele mesmo, um momento num padrão maior do agarrar que inclui nosso apego a uma terra exterior na forma de um mundo pré-dado e independente. Em outras palavras, nosso agarrar-se a uma terra, seja ela interior ou exterior, é a fonte profunda de frustração e ansiedade” (p. 230). Desse condicionamento egocêntrico, desta possessividade emergem os medos da perda, do fracasso, do não reencontro e outras emoções e sentimentos de frustração como a raiva, o ódio, o ciúme, a tristeza, a depressão.
A ilusão da separatividade e consequentemente o sofrimento gerado promovem as doenças físicas e mentais. Ao alargarmos o nosso campo de percepção e atingirmos estados ampliados da consciência, ou seja, ao vivenciarmos experiências em consciência cósmica, a tridimensionalidade do tempo desaparece e nos percebemos eternos e unos com o cosmo e, mesmo diante da transitoriedade da existência física, o medo da morte pode deixar de existir. O tempo não se divide em passado, presente e futuro as sequências de acção ocorrem num eterno aqui e agora.
“O princípio de conservação ou de sobrevida é apenas uma outra forma de procura da felicidade; mais existência significa mais felicidade, para todos os que ignoram o que se passa depois da morte, por não terem vivido na consciência cósmica” (Weil. 1995, p.62).”

Referência Bibliográfica


Postado por Catarina Sofia Pereira