domingo, 10 de abril de 2011

Quem somos..... Águia ou galinha?

Leonardo Boff no seu livro “A Águia e a Galinha” conta-nos uma história oriunda do Gana, um pequeno país do Golfo da Guiné. Esta história é representativa da metáfora humana. Fala-nos de uma águia e de uma galinha. A galinha representa a dimensão do enraizamento, do quotidiano e do pequeno. A águia representa a abertura o desejo da liberdade e do ilimitado.
O autor propõe uma reflexão entre os dois pólos existentes dentro de cada um, na busca do equilíbrio.

"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas.
Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
– De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá em baixo, debicando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá em baixo as galinhas, debicando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu tinha-lhe dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe !
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direcção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou... voou.. até confundir-se com o azul do firmamento... " (Leonardo Booff,  in “A Águia e a Galinha).

Caros amigos, todos temos a mesma essência. Dentro de cada um de nós existe o universo, o ilimitado, a nossa dimensão divina. Não nos limitemos ao pequeno, ao que os outros pensam, à ideia do não sou capaz, a comer o que nos dão, ou debicar e a “alimentarmo-nos” de coisas pequenas,  a dimensão da galinha. Dentro de cada um existe a imensidão do Céu a capacidade de voar alto, de crescer  de deixar o chão e olhar para a dimensão do alto. Abra suas asas de águia, olhe e veja, sinta o seu coração  e voe, voe bem alto.



Postado por: Mª da Graça Carvalho


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