domingo, 17 de abril de 2011

Emoções e Morte do Ser Humano

A vida Humana traduz-se numa infinidade de momentos que implicam variadíssimas emoções. Emoções estas que têm um papel fundamental nas nossas vidas, pois de alguma forma são um marco na forma como sentimos e de como nos relacionamos com outros.
Todos nós em algum momento da nossa vida já experienciámos e sentimos emoções, no entanto, quando pedimos a alguém para dar um significado e uma definição ao conceito “ Emoção”, este torna-se um termo difícil de explicar e definir. Se todos nós vivenciamos diariamente emoções, porque será que sentimos essa dificuldade?
Quando as emoções são invocadas no nosso quotidiano, raramente são mencionadas como índice de relacionamento social, mas sim, como sinal de um determinado estado de espírito.
As emoções e as expressões emocionais são universais, no entanto, as regras sociais que as sustentam são socialmente construídas. A cultura modifica as expressões das emoções, desta forma, estas são entendidas não como um universo de espontaneidade, mas como um âmbito da acção Humana, sujeito a regras de exteriorização e ritualização específicas, estritas e próprias.
Desta forma, cada sociedade define e desenvolve uma cultura afectiva muito própria, assente em toda a estrutura da sociedade, pois, falar de emoções é falar em simultâneo sobre a sociedade, poder, politicas, crenças, valores, normalidade, ecologia, entre outros.
A morte é sem dúvida a única experiência da nossa vida que não podemos controlar e evitar, como consequência acarreta inúmeros sentimentos e emoções.
Nas principais civilizações da antiguidade, eram muitas as diferenças que existiam sobre o significado ético – religioso da morte, mas em todas as civilizações existe uma semelhança: a morte é um lugar inacessível para os vivos. Todos nós possuímos uma herança cultural que define a nossa visão da morte, as nossas interpretações actuais sobre a morte, constituem parte da herança que as gerações anteriores, as antigas culturas, nos deixaram.
A visão da morte ao longo do tempo, e a construção da sua própria identidade colectiva constitui um dos elementos mais relevantes para a formação de uma tradição cultural comum. Assim sendo, cada cultura tem a sua própria concepção e as suas próprias crenças relativamente á morte. E não é só a noção que os indivíduos têm acerca da morte que varia culturalmente, também as emoções e o modo como os indivíduos expressam essas emoções variam consoante o contexto social ao qual pertencem, não existindo categorias globais para as emoções.
O luto é um bom exemplo de variabilidade cultural, pois nele emergem um conjunto de práticas sociais que variam não só consoante a cultura, a religião e a tribo, como também, traduzem a forma como os povos lidam com a morte.

Referências Bibliográficas

Garcia-Marques, Teresa “À procura da distinção entre Cognição, Afecto, Emoção, Estado de Espírito e Sentimento”, Psicologia – Teoria, Investigação e Prática, Vol.6,nº2. Lisboa;

Le Breton, David (1998). Les Passions Ordinaires. Anthropologie des Émotions. Paris : Éditions Armand Colin ;

Lutz, Catherine A. (1988). Unnatural Emotions, Chicago, The Chicago University Press.

Oatley, Keith, Jenkins, Jennifer M. (1996 – 1998/2002). Compreender as Emoções. Lisboa, Instituto Piaget;

Ana Margarida Lourenço

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