quarta-feira, 1 de junho de 2011

Arte terapia

   Segundo Selene Leite "A proposta da Psicologia Transpessoal é a de permitir que do homem velho, renasça o homem novo, sábio, que consegue vivenciar a unidade cósmica. É uma ruptura com a dualidade aparente que permite redimensionar o conceito de ego. A auto-imagem é um subproduto do ego e acredita-se que se é a auto-imagem numa identificação alimentada pelo ego como se fosse o eu verdadeiro."

"Num estado usual (ordinário) de consciência nós assimilamos e interpretamos as informações que nos são transmitidas pelos nossos sentidos em unidades de significância. Nós olhamos o mundo ao nosso redor e nossos olhos selecionam certas informações as quais "arquivamos" como um quadro parcial da realidade física. Nossos sentidos não são capazes de apreender o todo processual e dinâmico do nosso modo de existir, no nosso universo interno e externo." (Matos, 1979)


Dalva Fer relata que "O processo expressivo na arte permite o acesso a conteúdos simbólicos do inconsciente, através de uma via não-lógica, concretizando esses simbolos e possibilitando a tomada de consciência de seus significados e funções. Permite haver o distanciamento entre a pessoa e a sua criação (obra), incentivando a auto-observação e compreensão dos seus possiveis significados, junto ao terapeuta e ao grupo."

"Na arteterapia, o terapeuta estará sempre atento à presença e ao comportamento (verbal ou não-verbal) do cliente, focalizando mais o como do que o porquê, ou seja, mais a qualidade da experiência descrita do que as explicações causais, e tanto o conteúdo como a forma como esse conteúdo é comunicado (estrutura das frases, tom e ritmo da voz, gestos, olhar, etc.)." (Gehringer, 2005)

Tal conceito é acentuado por Ivan Maia ao dizer que "As imagens oníricas e artísticas revelam mais quando emergem os sentimentos do conteúdo latente e não do conteúdo manifesto. Há mais verdade num lapso, num descuido do que numa acção lógica, planejada."

"Atenção deve sempre ser dada aos movimentos, sentimentos, padrões de pensamentos, qualidade de contactos (com o terapeuta, consigo próprio, com o mundo, com os outros, com o próprio trabalho) que afloram durante a confecção do trabalho, bem como ao modo como materiais, cores e formas são escolhidos e trabalhados. Em outras palavras, deve-se dar atenção à qualidade da experiência, a quando o processo de contacto e expressão flui de maneira contínua e energizada e a quando se torna emperrado, desvitalizado ou interrompido. E tudo isso em cada etapa do processo: antes, durante e depois da actividade de artetearapia desenvolvida." (Gehringer, 2005)


   La Sala Bata afirma que "a evolução não é outra coisa senão uma lenta e gradual transformação da energia em consciência (...) energia e consciência são a mesma coisa, mas que uma exprime o aspecto vital da realidade, e a outra o aspecto consciência, desperta pouco a pouco. A energia é consciência em estado potencial.

É a atenção, na verdade, que nos torna conscientes de um determinado facto. Ela foi comparada a um feixe de luz que podemos orientar em qualquer direcção sendo tanto mais intensa quanto maior for sua concentração, podendo ser ainda circunscrita, tal como a luz de uma lâmpada aparada por um quebra-luz ilumina uma determinada área enquanto todo o resto permanece na penumbra."

   Concluindo, "A actividade artística activa o sistema sensório-motor, e é por natureza energizante. Considerando o ser humano do ponto de vista holístico e sistêmico, podemos inferir que à medida que o sensório-motor é activado, a emoção, a percepção, a imaginação e a cognição serão mutuamente coactivadas. A actividade artística e imagética promove uma mobilização de energia que traz à tona a carga de emoção ligada ao que esteja sendo relevante para a pessoa naquele momento, mobilizando e potencializando também a sensibilidade e a intuição, o que propicia à pessoa sintonizar níveis mais intuitivos, sensiveis e mágicos de funcionamento, e amplia a abertura para o contacto consigo mesmo e com o mundo." (Gehringer, 2005)

BIBLIOGRAFIA:
Gehringer, M. (2005), Arteterapia - um caminho transpessoal, Campinas
Maia, I. (2000), Arte-terapia - iconologia da perversão imagens da melancolia do desejo, Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP
Fér, D. (2009), A pintura como terapia, Salvador, Instituto Superior de Ciências da Saúde
La Sala Bata, A. M., Medicina psico-espiritual, São Paulo, Editora Pensamento
Matos, L. (1979), Psicologia transpessoal: explorando os vários estados de consciência, Boston - USA, V Congresso Internacional de Psicologia Transpessoal
Leite S. (2008), O que é a psicologia transpessoal, Belo Horizonte, Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais - Instituto de Psicologia

Postado por Sandro Coelho

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