quarta-feira, 8 de junho de 2011

DÉJÀ VU

Expressão francesa que significa “Já visto”, déjà vu refere-se à vulgar sensação se ter previamente experimentado uma situação, observado uma cena ou vivido uma sequência de acontecimentos. Tais sensações são geralmente acompanhadas por uma consciência consideravelmente aumentada e pela convicção de que é efectivamente possível predizer o que acontecerá a seguir. Quer implique situações ou caracteres familiares, quer, como é igualmente comum, ocorra num lugar ou remonte a um tempo do qual o sujeito não tem qualquer conhecimento, tal como acontece quando a um indivíduo que viaja pela primeira vez num país estrangeiro se depare inesperadamente uma aldeia que ele reconhece em pormenor, a experiência parece por vezes provocar ansiedade e outras deleite. Na sua primeira viagem a África, Carl G. Jung teve uma dessas experiências: olhando através da janela do comboio, viu um indígena solitário de pé sobre um penhasco. “Era”, escreveu ele, “como se nesse momento estivesse a regressar à terra da minha juventude e soubesse que o negro… estava à minha espera há cinco mil anos.” Jung designou a sua experiência pela expressão “reconhecimento do imemorialmente conhecido”.

Numerosas teorias têm sido propostas para explicar o déjà vu, mas nenhuma conseguiu ampla aceitação, e nenhuma prova médica foi jamais oferecida para o explicar biologicamente, embora Arthur Wigan sugerisse, em 1884, que o fenómeno podia resultar do facto de um dos hemisférios cerebrais registar dados uma fracção de segundos mais cedo do que o outro. Segundo uma teoria relacionada, proposta por F. Myers em 1895, o inconsciente, ou consciente subliminal, reconhece acontecimentos um instante mais cedo do que a mente consciente.

Segundo outras explicações possíveis que têm sido seriamente propostas, o déjà vu resulta de uma ou outra forma de PES (Percepção Extra Sensorial) – clarividência, telepatia, precognição ou sonhos precognitivos; é prova de reencarnação, ou ainda de consciência pré-natal, baseando-se em recordações de experiências da mãe do indivíduo.

Terá a reencarnação algo de comum com o déjà vu, a sensação de que já nos encontrámos anteriormente num determinado local, talvez, como sugerem os crentes na reencarnação, durante uma anterior encarnação? As explicações de carácter neurológico de tais sensações são fascinantes. No entanto, aparentemente não explicam casos como este, narrado pelo escritor W. Chapmen White, que aconteceu com um casal americano, Mr. e Mrs. Bralorne, num cruzeiro à Índia.

Mr. Bralorne declarou: “Nunca me tendo até então ausentado da América, obviamente nunca vira Bombaim, ao desembarcar experimentei uma estranha sensação. Quando a minha mulher e eu começámos a percorrer as ruas, afirmei: “Quando dobrarmos aquela esquina, encontramos a igreja afegã, e um pouco mais longe, duas ruas abaixo, vamos encontrar a Rua De Lisle.” A minha mulher olhou-me com estranheza e observou: “Conheces perfeitamente o caminho. Ou talvez sintas que já aqui estiveste.”

“Com o que fiquei assombrado. Era precisamente o que eu sentia. É indescritível como a nossa desorientação aumentou durante o dia. Percorremos a cidade como se tivéssemos conhecido todas as suas ruas e todos os seus velhos edifícios durante toda a nossa vida.”

No decorrer de um dos passeios pela cidade, os Bralornes perguntaram a um polícia se no sopé de Malabar Hill havia uma casa de grandes dimensões com uma grande figueira-dos-banianos à sua frente. O polícia respondeu-lhes que existira de facto nesse local uma casa que correspondia à descrição, a qual fora derrubada há 90 anos. O pai do polícia fora criado nessa casa, que pertencera à família Bhan. E existia de facto uma grande figueira-dos-banianos em frente da casa. Foi neste ponto que os Bralornes se lembraram de que haviam dado ao seu filho o nome de Bhan Bralorne, porque “nessa altura parecia-nos um nome indicado”.



MYERS, F. W. (1903). Human Personality and its Survival of Bodily Death. Green & Co. Longmans

STEVENSON, I. (1974). Twenty Cases Suggestive of Reicarnation. 2ª Ed. University Press of Virginia.


Postado: Ana Paula Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário