As Constelações Familiares baseiam-se na Abordagem Sistémica e Fenomenológica desenvolvida por Bert Hellinger, teólogo, filósofo e psicoterapeuta alemão. Segundo Matos (2007), “Por sistema entende-se o conjunto de elementos/pessoas que estão reunidas ou interligadas de forma organizada e articulada numa contínua relação de mudança. Essa interacção é dinâmica e quando relacionada entre si tem um objectivo em comum.” A mesma autora refere que a pessoas que estão reunidas com o mesmo objectivo, ou pertencem a um grupo, é frequente associar-se a palavra alma (a alma do grupo, a alma de um clube, a alma de um povo, etc.).
Podemos tomar como exemplo de sistemas, a família, a equipa de trabalho, os amigos da escola, as pessoas da mesma nacionalidade, os que têm a mesma religião.
A alma representa a união de tudo o que é, e tem necessidade que todos façam parte dela (Matos, 2007). A alma assemelha-se a um organismo, cujo funcionamento só é eficiente quando cada uma das suas partes desempenha o seu devido papel, estabelecendo uma relação de interdependência com todas as outras partes. “Os sistemas vivos são tão complexos que o seu conjunto é mais do que a soma de todas as partes e funções. Esse algo mais que une, faz a ligação, interacção e dá sentido de pertença, poderemos chamar de alma” (Matos, 2007).
“A alma é um termo que deriva do latim anima, e refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover” (Matos, 2007).
No sistema familiar, a alma representa uma consciência de clã, uma instância comum e superior a qual determina o caminho da família. “ (…) essa instância superior actua quase como um comando interior (consciência) partilhado por todos, e que actua de modo amplamente inconsciente. Portanto, é preciso garantir a pertença partilhando os valores explícitos ou não à família.” A alma da família obedece às ordens do amor, que são forças dinâmicas e articuladas que ligam os membros de um sistema e que os fazem pertencer ao mesmo. Essas ordens do amor referem-se a três princípios norteadores:
- A necessidade de pertencer ao grupo.
- A necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos.
- A necessidade de hierarquia dentro do grupo.
Percebemos a desordem dessas forças sob forma de sofrimento e/ou doença. A cura possível é a cura através do coração, ou seja, “ (…) concentrar-se na sabedoria e na energia que emanam subtilmente do coração e não apenas as manipulações e técnicas inventadas pelo cérebro” (Matos, 2007).
Desta forma podemos observar duas situações importantes que causam danos na alma e que lhe tiram a “vida”. Algum acontecimento importante que ocorre e que cria um impacto na dinâmica de família (morte prematura e súbita de um dos progenitores; separação da criança de um ou dos dois progenitores, por causas diversas; acidentes ou tragédias, perda de filhos, por aborto ou natimortos, entre várias outras). O desrespeito das ordens do amor (ordem do amor na relação do casal, ordens do amor entre pais e filhos) (Matos, 2007).
Assim, “ A proposta das Constelações Familiares consiste em trabalhar com a alma da família, unindo as forças que forma separadas e restaurando os danos que possam ter ocorrido a fim de que a pessoa possa estar em paz, harmonia e equilíbrio” (Matos, 2007). A mesma autora defende que “Qualquer sistema humano busca um equilíbrio entre duas forças opostas. A estabilidade (...) e o crescimento.” Ambos contribuem para a permanência e pertença dos elementos/pessoas ao sistema.
Postado por Valériya Kalyuga
Bibliografia:
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- Matos, P. (2007). Constelações familiares: um olhar sistémico para relacionamentos, sentimentos e sintomas. Ariana
- Constelações familiares. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Constela%C3%A7%C3%B5es_familiares
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