quarta-feira, 18 de maio de 2011

Psicólogo Transpessoal ou Xamã?



Consideram-se os estados alterados de consciência e os estados místicos das tradições religiosas mundiais como os principais objectos de trabalho e pesquisa dos Psicólogos Transpessoais. Estas abordagens levam a que algumas pessoas possam imaginar/supor que todo o Psicólogo Transpessoal seja um Xamã. Assim a Leonor Chaves, Psicóloga Transpessoal e Arteterapeuta e também autora do artigo “Psicologia Transpessoal e Xamanismo” expõe-nos que “em parte talvez sejam xamãs”. No entanto, há diferenças que vale a pena considerar para uma melhor compreensão do “papel” de cada um no seu contexto terapêutico.

Começaremos então pelo Xamã que é (…) o sábio, o curandeiro, o homem/mulher que sabe conectar vários níveis de consciência, vários mundos da psique e do espírito. Que fala com os espíritos, pede sua ajuda e os honra com sua reverência.

Ele é o homem que através de estados de êxtase (extáticos) compreende o mundo interior, e exterior no sentido de encontrar a cura do corpo e da alma.

Ele liga-se às forças da Natureza e trabalha com os seus elementos realizando vários rituais para o efeito desejado – acede às forças de que precisa através da música, da dança, das plantas de poder, dos instrumentos especiais, das ervas, etc...

O Xamã é aquele que busca a transcendência através do êxtase.       

A história do xamanismo vem de tempos imemoriais, das culturas indígenas, do uso das plantas sagradas, ou seja, ela existe desde que o Homem procurou contacto consigo mesmo e com a Natureza. Encontramos aqui a figura do mago, do curandeiro, do xamã e sacerdote.

Desta forma, e no sentido de trabalhar e lidar com os estados alterados de consciência, pode-se afirmar que o Terapeuta Transpessoal assemelha-se ao xamã, mas com uma diferença.

Ele baseia-se na teoria para aplicar a sua prática, utiliza técnicas reconhecidas pela ciência, tentando estar sempre ao abrigo da organização social e cultural ocidental.

O Terapeuta Transpessoal utiliza-se tanto de técnicas e abordagens desenvolvidas pela ciência oficial, como pode utilizar-se de música, exercícios de respiração e meditação, hipnose, visualizações, como amplificadores do estado original de consciência. Isto para promover a mudança da personalidade e a cura do indivíduo como um todo, nos seus aspectos psíquicos, espirituais e físicos. A experiência do indivíduo proporciona uma possibilidade de uma nova visão sobre o mundo e entendimento da sua própria história em relação a um todo maior.

Segundo a autora do artigo, O objectivo da Psicoterapia Transpessoal é resgatar a unidade fundamental, trabalhando os vários níveis de consciência e as patologias psíquicas ligadas aos bloqueios da fluidez da energia em cada nível.

No resgate da unidade fundamental, a Psicologia Transpessoal fundamenta-se numa teoria e técnica próprias.
A Psicologia Transpessoal Sistémica utiliza a Teoria dos Sistemas Vivos e as descobertas da Terapia Sistémica para entender e mapear os aspectos do padrão familiar e evolutivo do indivíduo no sentido da sua contextualização. Isto permite trabalhar a sua mudança de padrão e modelo (paradigma) individual, promovendo o processo de Individuação, mudança nos níveis relacionais e a compreensão desta história individual num esquema evolutivo mais amplo (mapeamento dos padrões cármicos). As bases científicas e filosóficas da Psicologia Transpessoal estão presentes na Filosofia de Smuts, na Física Quântica e Teoria dos Sistemas, entre outros.

É de referir, entretanto, que ambos se fundamentam na inexistência de uma dualidade absoluta. Isto é, o Ego não existe como um conceito fechado em si-mesmo, ele é uma parte de um todo e deve estar articulado com este todo, portanto ele deve ser fluido o suficiente para se alinhar ao Eu.

A fusão do Ego ao todo implica a contemplação dos seguintes dados:

- Autobiografia, para entender o padrão de reprodução das mesmas modalidades de realidades, uma vez que para esta abordagem, somos co-criadores com o universo e criamos as nossas próprias felicidades e vicissitudes;
- A visão cósmica da realidade - há uma unidade absoluta para a qual tendemos e na qual estamos integrados, sem necessariamente podermos percebê-la todo o tempo;
- O objectivo terapêutico é adequar o Ego para ficar apto de actuar cada vez mais integrado com níveis mais elevados de consciência;
- A diluição dos padrões egóicos que são fundamentais para a evolução do indivíduo rumo a uma consciência maior de si e da sua natureza;
 - O contacto com níveis transpessoais de consciência auxilia o processo de cura psíquica e de mudança da personalidade e sedimenta a mudança de padrão. Este processo ocorre através da mudança rápida no comportamento e na programação celular, possibilitando a regressão e/ou cura de doenças físicas e psíquica.

O caminho dos Xamãs e dos Terapeutas é para aqueles que tiverem a coragem de olhar para si mesmos em todas as suas dimensões, olhando do Todo para a pequena parte que se é e, através de uma identificação cósmica, poder limpar as identificações limitadoras, entrando num novo eixo de pensamento e possibilidades.

Bibliografia:

Cf. Chaves, L. Psicologia Transpessoal e Xamanismo.


Publicado por Valériya Kalyuga

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