segunda-feira, 30 de maio de 2011

O ESPELHO ENEVOADO - TOLDECA


“Milhares de anos atrás, os toltecas eram conhecidos no sul do México como "homens e mulheres de sabedoria". Antropólogos falam dos toltecas como uma nação ou raça, mas, na verdade, os toltecas eram cientistas e artistas que formavam uma sociedade para explorar e conservar a sabedoria espiritual e as práticas dos antigos. Encontraram-se como mestres (nagual) e estudantes em Teothuacan, a cidade antiga das pirâmides próxima à Cidade do México conhecida como o lugar onde o "Homem se Torna Deus".
Ao longo dos milénios, os nagual foram forçados à esconder a sabedoria ancestral e a manter sua existência na obscuridade. (…) Felizmente, a sabedoria esotérica tolteca estava incorporada e foi transmitida através de gerações de diferentes linhagens de nagual. Embora tenham permanecido envoltas em segredo por centenas de anos as antigas profecias prediziam a vinda de uma era em que seria necessário retomar a sabedoria ao povo.
A sabedoria dos toltecas se ergue da mesma unidade essencial de verdade de todas as tradições esotéricas ao redor do mundo. Embora não seja uma religião, honra todos os mestres espirituais que já ensinaram aqui na Terra. Por envolver o espírito, é descrita com maior precisão como forma de vida, caracterizada pela pronta acessibilidade da felicidade e do amor.
O Espelho Enevoado
Três mil anos atrás, havia um ser humano, como eu e você, que vivia perto de uma cidade cercada de montanhas. O ser humano estudava para tornar-se xamã, para aprender a sabedoria de seus ancestrais, mas não concordava completamente com tudo aquilo que aprendia. Em seu coração, sentia que existia algo mais.
Um dia, enquanto dormia numa caverna, sonhou que viu o próprio corpo dormindo. Saiu da caverna numa noite de lua nova. O céu estava claro, e ele enxergou milhares de estrelas. Então algo aconteceu dentro dele que transformou sua vida para sempre. Olhou para suas mãos, sentiu seu corpo e escutou sua própria voz dizendo: "Sou feito de luz; sou feito de estrelas".
Olhou novamente para as estrelas e percebeu que não eram as estrelas que criavam a luz, mas antes a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, "e o espaço no meio não é vazio." E ele soube tudo o que existe num ser vivo, e que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações.
Então compreendeu que embora fosse feito de estrelas, ele não era essas estrelas. "Sou o que existe entre as estrelas" pensou. Então chamou as estrelas de tonal e a luz entre as estrelas, de nagual, e soube que o que criava a harmonia e espaço entre os dois é a Vida ou intenção. Sem a Vida, o tonal e o nagual não poderiam existir. A Vida é a força do absoluto, do supremo, do Criador que cria tudo.
Foi isso o que ele descobriu: tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus. Tudo é Deus. E ele chegou à conclusão de que a percepção humana é apenas a luz que percebe a luz. Também viu que a matéria é um espelho - tudo é um espelho que reflecte a luz e cria imagens dessa luz - e o mundo da ilusão, o Sonho, é apenas fumaça que não permite que enxerguemos quem realmente somos. "O verdadeiro nós é puro amor, pura luz", disse ele.
Essa compreensão mudou sua vida. Uma vez que ele soube quem realmente era, olhou ao redor para os outros seres humanos e para o restante da natureza e ficou surpreso com o que viu. Viu a ele mesmo em tudo – em cada ser humano, em cada animal, em cada árvore, na água, na chuva, nas nuvens, na terra. E viu que a Vida misturava o tonal e o nagual de formas diferentes para criar bilhões de manifestações da Vida.
Naqueles poucos momentos ele compreendeu tudo. Ficou muito excitado, e seu coração encheu-se de paz. Mal podia esperar para contar ao seu povo o que descobrira. Mas não havia palavras para explicar. Tentou falar com os outros mas eles não conseguiam entender. Eles perceberam que o homem havia mudado, que algo bonito se irradiava dos olhos e da voz dele.
Repararam que ele não julgava mais as coisas e as pessoas. Ele não era mais como os outros. Ele entendia os outros muito bem, mas ninguém conseguia entendê-lo. Acreditavam que ele fosse a encarnação viva de Deus, e ele sorriu quando escutou isso, e lhes disse: É verdade. Sou Deus. Mas vocês também são Deus. Somos o mesmo, vocês e eu. Somos imagens de luz. Somos Deus". Mesmo assim, as pessoas não o entenderam. Havia descoberto que era um espelho para as outras pessoas, um espelho no qual podia observar a si mesmo. "Todo mundo é um espelho, disse ele. Viu a si mesmo em todos, mas ninguém o viu como eles mesmos. Então compreendeu que todos estavam sonhando, mas sem consciência, sem saber o que realmente eram. Não podiam enxergá-lo como eles mesmos porque havia uma parede de nevoeiro entre os espelhos. E essa parede era construída pela interpretação das imagens de luz - o Sonho dos seres humanos.
Então ele percebeu que logo iria esquecer tudo o que aprendera. Queria lembrar-se de todas as visões que tivera; portanto, decidiu chamar a si mesmo de Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reconhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador". Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reconhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador".
"É fácil viver com os olhos fechados, entendendo errado tudo o que você vê... "
John Lennon


Retirado do livro Os Quatro Acordos de D. Miguel Ruiz

Postado por: Marina Consciência 



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