terça-feira, 31 de maio de 2011

Dez Aspectos da Bio-espiritualidade



1.   Espírito significa respiração. “Respiração” é uma metáfora para a essência subtil do mesmo modo que “coração” é uma metáfora para as qualidades do amor.
2. A Bio-espiritualidade está relacionada em como desenvolver o coração no mundo, como contactar as profundidades do céu e da terra e como encarnar o espírito na carne.

3. A Bio-espiritualidade trabalha com a compreensão holística da matéria e significado, soma e significação, energia e essência, peso e graça. Mas está muito longe do dualismo cósmico que opõe o corpo e o espírito, sexo e alma, terra e luz.

 4. O trabalho Bio-espiritual é o trabalho da manifestação na existência diária das qualidades latentes de nossa essência. É o trabalho de estar focalizado em nosso ser, que está além do tempo e espaço, aqui e agora. É a sensação de estar contactado com o que estamos fazendo.

5. Meditação tem a mesma raiz da palavra medicina. O tema é estar bem, todo e centrado. A palavra latina “valere”, estar bem, é a raiz de nossa palavra “valor”. Na medicina nos ocupamos em como estar saudável, na meditação o valor é o nosso objetivo central, é o fundamento de nosso propósito e significado.

 6. A Bio-espiritualidade trabalha com a compreensão de que homem algum é uma ilha. Nós não podemos nos desenvolver em isolamento. O verdadeiro trabalho é inevitavelmente trabalhar para o outro. E, por outro lado, nós não podemos sentir compaixão pelo outro a menos que sejamos capazes de sentir compaixão por nós mesmos. O verdadeiro amor-de-si é o oposto do egoísmo em todas as suas formas.

7. O trabalho Bio-espiritual é um trabalho profundo; e a jornada é um mergulho através do inconsciente nas profundezas da consciência e do contacto não distorcido; não é nem uma fuga da dor e nem um ascético cultivo da dor.

8. A Bio-espiritualidade celebra: o nascimento, a sexualidade, a paixão, a comunhão e a unicidade do indivíduo.

9. O trabalho Bio-espiritual é político: se ocupa com a solução de conflitos, a comunhão entre as raças, nações e pessoas, respeitando a particularidade da cada cultura.

10. O trabalho Bio-espiritual é ecológico: ele cuida do planeta como o corpo da natureza e vê o indivíduo como uma célula no organismo do mundo.

(Boadella David) © Copyright, International Institute for Biosynthesis, Heiden, Suiça. Tradução da Escola de Biossíntese do Rio de Janeiro. [Versão electrónica]. Acedido em 30 de Maio de 2011. Disponível em: http://www.espacopsi.com/artigos/dez_aspectos.htm

Queirós, Natália (2011) 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O ESPELHO ENEVOADO - TOLDECA


“Milhares de anos atrás, os toltecas eram conhecidos no sul do México como "homens e mulheres de sabedoria". Antropólogos falam dos toltecas como uma nação ou raça, mas, na verdade, os toltecas eram cientistas e artistas que formavam uma sociedade para explorar e conservar a sabedoria espiritual e as práticas dos antigos. Encontraram-se como mestres (nagual) e estudantes em Teothuacan, a cidade antiga das pirâmides próxima à Cidade do México conhecida como o lugar onde o "Homem se Torna Deus".
Ao longo dos milénios, os nagual foram forçados à esconder a sabedoria ancestral e a manter sua existência na obscuridade. (…) Felizmente, a sabedoria esotérica tolteca estava incorporada e foi transmitida através de gerações de diferentes linhagens de nagual. Embora tenham permanecido envoltas em segredo por centenas de anos as antigas profecias prediziam a vinda de uma era em que seria necessário retomar a sabedoria ao povo.
A sabedoria dos toltecas se ergue da mesma unidade essencial de verdade de todas as tradições esotéricas ao redor do mundo. Embora não seja uma religião, honra todos os mestres espirituais que já ensinaram aqui na Terra. Por envolver o espírito, é descrita com maior precisão como forma de vida, caracterizada pela pronta acessibilidade da felicidade e do amor.
O Espelho Enevoado
Três mil anos atrás, havia um ser humano, como eu e você, que vivia perto de uma cidade cercada de montanhas. O ser humano estudava para tornar-se xamã, para aprender a sabedoria de seus ancestrais, mas não concordava completamente com tudo aquilo que aprendia. Em seu coração, sentia que existia algo mais.
Um dia, enquanto dormia numa caverna, sonhou que viu o próprio corpo dormindo. Saiu da caverna numa noite de lua nova. O céu estava claro, e ele enxergou milhares de estrelas. Então algo aconteceu dentro dele que transformou sua vida para sempre. Olhou para suas mãos, sentiu seu corpo e escutou sua própria voz dizendo: "Sou feito de luz; sou feito de estrelas".
Olhou novamente para as estrelas e percebeu que não eram as estrelas que criavam a luz, mas antes a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, "e o espaço no meio não é vazio." E ele soube tudo o que existe num ser vivo, e que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações.
Então compreendeu que embora fosse feito de estrelas, ele não era essas estrelas. "Sou o que existe entre as estrelas" pensou. Então chamou as estrelas de tonal e a luz entre as estrelas, de nagual, e soube que o que criava a harmonia e espaço entre os dois é a Vida ou intenção. Sem a Vida, o tonal e o nagual não poderiam existir. A Vida é a força do absoluto, do supremo, do Criador que cria tudo.
Foi isso o que ele descobriu: tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus. Tudo é Deus. E ele chegou à conclusão de que a percepção humana é apenas a luz que percebe a luz. Também viu que a matéria é um espelho - tudo é um espelho que reflecte a luz e cria imagens dessa luz - e o mundo da ilusão, o Sonho, é apenas fumaça que não permite que enxerguemos quem realmente somos. "O verdadeiro nós é puro amor, pura luz", disse ele.
Essa compreensão mudou sua vida. Uma vez que ele soube quem realmente era, olhou ao redor para os outros seres humanos e para o restante da natureza e ficou surpreso com o que viu. Viu a ele mesmo em tudo – em cada ser humano, em cada animal, em cada árvore, na água, na chuva, nas nuvens, na terra. E viu que a Vida misturava o tonal e o nagual de formas diferentes para criar bilhões de manifestações da Vida.
Naqueles poucos momentos ele compreendeu tudo. Ficou muito excitado, e seu coração encheu-se de paz. Mal podia esperar para contar ao seu povo o que descobrira. Mas não havia palavras para explicar. Tentou falar com os outros mas eles não conseguiam entender. Eles perceberam que o homem havia mudado, que algo bonito se irradiava dos olhos e da voz dele.
Repararam que ele não julgava mais as coisas e as pessoas. Ele não era mais como os outros. Ele entendia os outros muito bem, mas ninguém conseguia entendê-lo. Acreditavam que ele fosse a encarnação viva de Deus, e ele sorriu quando escutou isso, e lhes disse: É verdade. Sou Deus. Mas vocês também são Deus. Somos o mesmo, vocês e eu. Somos imagens de luz. Somos Deus". Mesmo assim, as pessoas não o entenderam. Havia descoberto que era um espelho para as outras pessoas, um espelho no qual podia observar a si mesmo. "Todo mundo é um espelho, disse ele. Viu a si mesmo em todos, mas ninguém o viu como eles mesmos. Então compreendeu que todos estavam sonhando, mas sem consciência, sem saber o que realmente eram. Não podiam enxergá-lo como eles mesmos porque havia uma parede de nevoeiro entre os espelhos. E essa parede era construída pela interpretação das imagens de luz - o Sonho dos seres humanos.
Então ele percebeu que logo iria esquecer tudo o que aprendera. Queria lembrar-se de todas as visões que tivera; portanto, decidiu chamar a si mesmo de Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reconhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador". Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reconhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador".
"É fácil viver com os olhos fechados, entendendo errado tudo o que você vê... "
John Lennon


Retirado do livro Os Quatro Acordos de D. Miguel Ruiz

Postado por: Marina Consciência 



domingo, 29 de maio de 2011

Reiki e Nutrição

“O Dr. Chujiro Hayashi, o segundo Grande Mestre de Reiki moderno, já permite dietas especiais que se harmonizem com as terapias na sua clínica” (Lübeck, 2003). Existem quatro círculos que devem ser refutados num plano alimentar, principalmente quando ligados a um processo curativo, nomeadamente “a) círculo vicioso do sal; b) círculo vicioso do açúcar; c) círculo vicioso do café; d) círculo vicioso do álcool; e) círculo vicioso das proteínas” (Lübeck, 2003).
“Dizem que no caso de doenças graves, o reiki poderá ser utilizado como tratamento complementar, reforçando os outros tratamentos administrados ao doente, reduzindo os efeitos secundários e os sintomas de dor e encurtando o tempo de cura” (Nunes, 2008). O tratamento ao ser acompanhado por uma dieta equilibrada pode, na maior parte das vezes, contribuir para o bem-estar, porque “com o Reiki, os alimentos saudáveis passam a ser ainda mais saudáveis, e os menos saudáveis vêem, pelo menos, o seu valor aumentado!” (Lübeck, 2003).
Se não cuidarmos de nós, quem cuidará? Cuide de si com estima e dedicação.






Maria Luísa Teves
3º Gs





Referências Bibliográficas
Lübeck, W. (2003). Reiki para pequenas urgências (1.ª ed.). Lisboa: Pergaminho.
Nunes, B. (2008). Envelhecer com saúde: guia para melhorar a sua saúde física e psíquica. Lisboa e Porto: Lidel.

Bibliografia Electrónica
Acedido a 22 de Maio de 2011 às 00:54


Psicoterapia Transpessoal

A psicoterapia transpessoal centra-se na evolução da consciência e na transcendência da personalidade, bem como da história pessoal do individuo.
Deste modo existem seis princípios que orientam a teoria por que se rege a psicoterapia.
                Segundo Cortight ( 1997) o primeiro principio é “qualquer trabalho psicoterapêutico é um processo de amadurecimento espiritual”, isto quer dizer que todo o ser humano tem uma identidade espiritual, contudo essa identidade permanece na maioria das vezes oculta. Assim a psicoterapia irá proporcionar momentos que ajude a descobrir essa identidade, pois o ego, a personalidade, o self e os papéis representados ao longo da vida condicionaram a percepção da realidade e o sentido da vida. “Todas as partes do seu self (…) passam na psicoterapia transpessoal, por um processo de identificação, desidentificação e transcendência” (Keutzer, 1984).
O segundo princípio é “o espectro da consciência como nuclear para esta psicoterapia”, de acordo com Hammer (1974) “para ocorrer a integração da consciência, ela deve estar permeável a todos os acontecimentos que emergem no seu campo experiencial, sem rejeitar as vivências que entram em contradição com as suas próprias referências”.
O terceiro principio é “esta psicoterapioa como um processo multidimensional e expeirencial”, ou seja, para Wilber (2000) “na cosnciência existe sempre um horizonte que sustemj e interliga todas as auto-referencias, pensamentos, emoções, vivências ou modelos pessoais do mundo, uma especie de “testemunha silenciosa” de nós mesmos à qual precisamos de recorrer”
O quarto principio é “a relação terapêutica vai-se centrar na sabedoria do coração” , ou seja, não se trata de um jogo onde cada um tenta demostrar a sua inteligência mas sim uma relação de amor e compaixão onde é fundamental reconhecer as mudanças que ocorrem em ambos os intervenientes.
Assim se segue o quinto principio “a psicoterapia transpessoal é profundamente optimista e centrada na esperança”, uma vez que acredita num inteligência cósmica que irá no meio das tristezas e tragédias trazer um nascimento de um ser mais espirituoso, aberto, sereno e compassivo.
Por fim o último princípio é “a perspectiva transpessoal da transformação psicoespiritual vai estender-se rumo ao reino da realidade última do Ser.” Isto quer dizer que no fim o individuo terá uma consciência alargada da realidade do todo.

Bibliografia

Cortight. (1997). Psychotherapy and spirit - Theory and practice in transpessonal psychotherapy. In J. Fonseca, Hologramas da Consciência (pp. 48-50). Lisboa: edições ispa.
Fonseca, J. d. (2000). Hologramas da Consciência. Lisboa: edições ispa.
Hammer. (1974). the essence of personal and transpersonal psychotherapy. Psychotherapy: Theory, Research and Practice, 11(3), 46-54. In J. Fonseca, Hologramas da Consciência (p. 49). Lisboa: edições ispa.
Keutzer. (1984). Transpersonal psychoterapy: Reflections on the genre. Professional Psychology: research and pratice, 15(6), 868-883. In J. Fonseca, Hologramas da Consciência (p. 49). Lisboa: edições ispa.
Wilber. (2000). Integral psychology: Consciosness, spirit, psychology, terapy. In J. Fonseca, Hologramas da Consciência (p. 49). Lisboa: edições ispa.

Elaborado por: Mª Inês Santos

quinta-feira, 26 de maio de 2011

EDUCAÇÃO E VALORES HUMANOS

“Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma seguimos vivendo naquele cujos olhares aprenderam a ver o mundo através da magia da nossa palavra. Assim, o professor nunca morre (Moraes; Latorre, 2004, p.72).

Sempre houve uma preocupação em procurar um sistema psicológico de valores, que fosse o mais próximo possível da natureza do homem. Segundo Maslow temos: “A luz de conhecimentos recentemente adquiridos, praticamente todas elas (as teorias) são falsas, inadequadas, incompletas ou, de uma forma ou de outra, deficientes” (Maslow, 1996, p. 181).

A incógnita sobre a origem e a continuidade da bondade humana fizeram com que Maslow procura-se nas novas descobertas nos campos das Ciências e da Psicologia uma explicação adequada.

Existe uma aptidão universal natural em todas as espécies de animais, em seleccionar o mais adequado para satisfazer as suas necessidades tanto físicas como psicológicas. “Parece evidente que todos os organismos são mais auto governados, auto regulados e autónomos do que se pensava à tempos atrás” (Maslow,1996, p. 183).

 Para uma melhor avaliação, Maslow baseou os seus estudos em pessoas sadias, os seus valores e as suas preferências, conforme as suas diversidades culturais. Tais valores são intrínsecos ao ser humano.

Maslow chamou de necessidades básicas do ser humano as necessidades fisiológicas e psicológicas “[...] que devem ser satisfeitas de forma óptima pelo meio ambiente, a fim de evitar a doença e o mal estar subjectivos” (Maslow, 1996, p185). Essas necessidades, baseiam-se na plenitude humana ou tudo o que ela possa vir a ser, segundo alguns autores pode passar pela individualidade, autonomia, auto-realização, integração, saúde psicológica, criatividade, produtividade, tudo o que possa reflectir a realização de potencialidades do ser humano.

Para Maslow, o ser humano vive em busca dessa plenitude e, quando alcança um valor, segue em busca de outro em grau superior, constantemente insatisfeitos, sempre à procura do inalcançável. Porém, o que se verifica é que “o céu [...] aguarda-os ao longo da própria vida” (Maslow, 1996, p186). Apesar de circunstancialmente experienciamos momentos de grande prazer, que, nos dão sustentação para seguirmos em frente.

Maslow (1996) decidiu estudar a personalidade de pessoas bem-sucedidas, com grande capacidade de pensar, escrever, compor, pintar e administrar grandes consórcios. Percebeu que essas pessoas eram muito mais saudáveis, felizes e sábias do que o normal, eram abertas para a vida e criavam o seu próprio destino. Acreditavam nisto, bem como no valor do Self, ao qual recorriam quando enfrentavam algum problema. A solução estava dentro de si mesmo na maioria das vezes.

Eram pessoas, não mais que 1% da população, que “descobriram a conexão psicofisiológica sozinhas” (Chopra,1989, p. 130).

Chopra (1989) compactua com as ideias de Maslow ao dizer que, ao contrário do velho paradigma onde a ciência menosprezava a minoria analisada, mesmo se apenas uma pessoa em dez milhões encontra a cura para o câncer ou para a Sida, devemos tentar compreender que caminho de cura é esse para tentar reproduzi-lo.

Assim fez Maslow, observando indivíduos “saudáveis” e também os indivíduos normais, mas em estado de “experiências culminantes”, e descreveu 10 características do ser humano sadio. Para isso baseou-se em “caracteres objectivamente descritíveis e mensuráveis...”, como fazem os cientistas ao procurar espécimes típicos para um exemplar. Diz ele:

[...] entre as características objectivamente descritíveis e mensuráveis do espécime humano sadio contam-se:

1 – Uma percepção mais clara e mais eficiente da realidade.

2 – Mais abertura à experiência.

3 – Maior integração, totalidade e unidade da pessoa.

4 – Maior espontaneidade, expressividade; pleno funcionamento; vivacidade.

5 – Um eu real; uma firme identidade; autonomia, unicidade.

6 – Maior objectividade e, desprendimento, transcendência do eu.

7 – Recuperação da criatividade.

8 – Capacidade para fundir o concreto com o abstracto.

9 – Estrutura democrática de carácter.

10 – Capacidade de amar, etc. (Maslow, 1969, p 189).

Maslow verificou que “a maioria das pessoas é capaz de individuação”, e, portanto, integrar esses valores ao longo do processo. É essa unidade, essa rede de intercorrelações positivas que se desintegra, se fragmenta em divisões e conflitos quando a pessoa fica psicologicamente doente, que leva o indivíduo aos valores de “recaída”. Procurando ambos os valores em maior ou menor grau, conforme a nossa necessidade, mas estão sempre presentes no comportamento que manifestamos.

Leonardo Boff (2003) explica essa dimensão dualista do ser humano ao nível pessoal através do “simbólico” e “diabólico”. Segundo ele, a dimensão simbólica é feita de amizades, de amores, de solidariedades, de uniões, e de convergências, enquanto que a dimensão diabólica é feita de inimizades, ódios, impiedades, desuniões e divergências.

Portanto, se nos centrarmos na satisfação das nossas necessidades primárias (biológicas) e, nos fixarmos nos aspectos regressivos do comportamento humano, criando dissociações de personalidade, onde o indivíduo pode até cometer crimes num momento de intensa ira, por exemplo. Este facto justifica a preocupação de Boff “com a possibilidade de o ser humano “demens”, a sua dimensão destrutiva se fazer “ecocida” e “geocida”, o que segundo ele poderá levar a eliminar ecossistemas e de acabar com a Terra”(Boff, 2003, p. 19).

Fala-nos também das necessidades secundárias que nos levam à procura da auto-realização, da nossa área afectiva, embora a inquietude do ser humano nos conduza ao “transcendente”, à procura de aspectos mais elevados do ser, procurando o sentido maior da vida que nos remete à espiritualidade com retorno aos valores mais superiores, sem a qual toda a tecnologia e avanços científicos serão em si um grande mal, caso não sejam acompanhados do amor, solidariedade, compaixão, ética e outros valores que caracterizam o ser saudável, (Maslow 1996).

Baseando-se nos estudos de Maslow, Chopra,  diz: “Quando a sociedade se elevar ao nível das melhores pessoas que já produzem, a saúde perfeita tornar-se-á uma realidade” (2002, p. 130). Para Chopra, o “ser saudável” é aquele que identifica os seus talentos únicos e pode expressá-los com todo o seu potencial criativo, que além de trazer felicidade, satisfação e realização, acaba fortalecendo o seu sistema imunológico.

Deepak Chopra, fundamentou as suas ideias a partir das antigas tradições orientais de sabedoria, pelas novas descobertas científicas e pela sua experiência pessoal e profissional. Como médico refere o exercício regular e uma alimentação equilibrada, estratégias para se melhorar a saúde circulatória e ainda contribuir para a diminuição da pressão sanguínea.

Chopra (1989) chama-nos a atenção para o sistema “mente-corpo”, para a influência que os nossos pensamentos exercem sobre o nosso corpo. A ciência hoje diz-nos que “cascatas neuronais”, derramamento de substâncias químicas no cérebro em resposta aos estímulos do meio, os neurotransmissores, interferem directamente no nosso corpo físico como uma rede de informações que não se limitam a mandar impulsos em linhas rectas pelos axónios, mas, circulam. “[...] inteligência livre através de todo o espaço interior do corpo” (Chopra, 1989, p. 81).

Maslow, apesar da sua natureza optimista, também se considerava realista e o facto de o ser humano na sua grande parte não realizar o seu pleno potencial de vida e do que se interporia para que isso não se concretizasse, preocupava-o.

Em 1996 Maslow oferece uma resposta profissional e fascinante com um artigo no seu livro “Visões do Futuro”, apresentando à comunidade científica da época “O complexo de Jonas”, inspirado num personagem bíblico do antigo testamento.

Jonas foi chamado por Deus para exercer o dom da profecia, ou seja, pregar a palavra divina, mas teve medo de fazê-lo. Tentou fugir, mas não havia como se esconder da sua tarefa. No final, percebendo que teria que aceitar o seu destino teve que realizar o que tinha sido chamado a fazer. “Vá pregar a palavra d’Aquele que É ao povo de Nínive”. O povo de Nínive, escutando as palavras de Jonas, começou a jejuar, vestiram-se “todos” com sacos e nesse dia, ficaram todos iguais, não havia ricos nem pobres.

Assim como Jonas, todos nós temos uma missão, cada vez que nos afastamos deste chamado interior, provocamos reacções neuróticas, psicossomáticas de todos os géneros e em vez de avançarmos para a auto-realização, ficamos perdidos e paralisados no meio do caminho.”


Postado por: Delfina Correia

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os Medos em relação à doença e à morte (Hennezel, M. 2000)

Um doente em fase terminal apresenta vários tipos de medos:
ü  Medo da dor e do sofrimento:
Este medo está ligado à perda do conforto, dos prazeres e bem-estar. A compensação será de buscar outros prazeres e formas de bem-estar. Para lidar com o medo da dor, podemos informar o doente sobre a parte médica dos cuidados paliativos, no que diz respeito ao controlo da dor. Lidamos com o medo do sofrimento através do nosso acompanhamento psicológico e espiritual.
ü  Medo da solidão, da separação, do abandono:
Este medo está ligado à perda do papel social, profissional e familiar. Para lidar com esta perda, devemos envolver o doente nas preocupações diárias, para evitar o sentimento de exclusão e abandono.
Isto é diferente de “unfinished business”. Significa que cada dia me sinto em dia com aqueles que amo. Se eles morrem, é claro que fico triste, mas sei que disse e fiz tudo o que queria fazer com eles. Palavras de amor nunca são demais. Nós ouvimos muitas vezes: “se soubesse que ele ia morrer, tinha dito isto, ou aquilo....” . Uma pessoa à beira da morte pode ter este medo aumentado, se não se sentir em dia com os seus mais queridos. No entanto, apesar de não se tratar da mesma coisa que “unfinished business”, devemos fazer o possível para que o doente possa terminar tarefas inacabadas: pois, por vezes, não se deixam morrer, porque se lembram de que há coisas que faltam ser feitas.
ü  Medo do desconhecido:
Este medo está ligado à perda de referências da vida (casa, terra, comunicação verbal etc. ..). Devemos permitir a pessoa de falar da sua vida, casa, terra, passado etc. É claro que isso trás nostalgia, mas o benefício que vem com essa partilha é maior, porque alarga os horizontes e dá sentido à vida. Cada vez que aceitamos ir em frente para o desconhecido, desenvolvemos a nossa aceitação e praticamos para o grande desconhecido: a morte. Como não podemos conhecer o desconhecido, só podemos aprender a deixar ir – let go.
O medo do desconhecido no doente em fim de vida tem a ver com o progresso da sua doença e o que se vai passar depois da morte, Encontramos isto mais nos idosos, devido à cultura. Muitos idosos têm medo do inferno. Nos jovens, e doentes com SIDA, este tipo de medo não é tão frequente. A noção do inferno e purgatório não está actualmente tão presente nos jovens. A serenidade antes de morrer depende também de como a pessoa viveu a sua vida. Muitas vezes surge o sentimento de culpa, e eles têm necessidade de contar a alguém qualquer coisa que lhes é demasiado pesado para carregarem sozinhos. Nessa altura, é muito importante ouvir sem julgar e de reparar também na sua história, o que há de positivo nela. Podemos dizer “Se o teu coração te condena, Deus é maior que o teu coração”.
ü  Medo de ser sepultado vivo:
Apesar de parecer algo cómico, este medo é bastante presente hoje em dia e tem origem nas histórias de pessoas que foram enterradas e ao desenterrar os ossos, anos mais tarde, percebeu-se pela posição dos ossos e arranhadelas no caixão, de que tinham sido enterrados vivos. Com as tecnologias hoje é muito pouco provável que ainda aconteça! No entanto, os medos nem sempre são racionais e persistem. Podemos eliminar este medo deixando escrito o que queremos acerca da nossa morte: por exemplo, ser cremado ou esperar 2 ou 3 dias antes de ser sepultado.
ü  Sentimento de culpa e impotência:
Sentimento de culpa: Este sentimento está ligado à zanga connosco próprios. Quando alguém que amamos vai morrer, podemos sentir-nos zangados: “porque me vais abandonar”? Mas a razão diz-nos que não podemos estar zangados, e então sentimos culpa de pensar em nós. Mas como não estamos conscientes do processo, arranjamos qualquer coisa para sentir-nos culpados de não ter feito tudo, de não ter amado o suficiente, de ficar vivo, de não ter sido capaz de...
Uma das culpas que ficam mais é de não ter estado lá quando o outro morreu. É preciso explicar à família que o doente “escolheu” o momento da morte e muitas vezes escolhe morrer sozinho porque é mais fácil: não tem de lidar com o sofrimento do outro. Também é preciso explicar que quanto mais o doente ama o familiar, mais precisa de amar um estranho para partilhar o amor para poder cortar o cordão com o amado. Amar outra pessoa ajuda a esquecer as memórias do passado com a mulher (por ex.) e permite-lhe desligar-se dela.
Sentimento de impotência: Este sentimento está ligado à perda de controlo da situação, da doença e sentir-se um fardo (as vezes devido à dedicação extrema dos cuidadores). Para combater este sentimento, podemos encorajar a família a continuar a incluir o doente na vida diária se ele quiser, mas respeitar também a sua vontade (por exemplo no que diz respeito às visitas, vontade de comer, ou de falar).
ü  Medo de ser julgado ou de perder a dignidade:
Este medo está ligado à perda da independência, da imagem e da identidade. Podemos ajudar o outro a tocar uma outra beleza, (interior) para reconhecer o seu SER interior.
É um dos medos mais frequentes, e é esse medo que está na base do pedido de eutanásia, ou da decisão do doente de se deixar morrer. É o medo de perder a dignidade. Apesar de a dignidade ser inerente ao facto de sermos humanos, nem sempre o doente se SENTE digno. O sentimento de dignidade depende do olhar do outro, de como cuidamos deles. Mesmo que a pessoa esteja fisicamente degradada ou mutilada, é preciso continuar a olhá-la como sendo uma totalidade, não esquecendo que a sua parte afectiva está intacta. De certa forma, isto pode contribuir para que ela continue a sentir-se na sua pele e não ter a sensação e o medo da decadência. Normalmente a doença atinge a parte física e intelectual da pessoa, e são logo estes dois domínios que a nossa sociedade mais valoriza. Mas o espiritual e o afectivo ficam intactos até ao fim da vida. Então, se não é possível valorizar o intelecto e o físico, podemos valorizar os outros dois.
Com o doente, é bom ter cuidados de beleza no início, mas não nos últimos dias, porque não lhe ajuda a desapegar-se desta vida. Normalmente é o próprio doente que se desprende e diz que não quer mais. Cuidar da beleza do outro é a forma de lhe dizer que é uma pessoa VIVA. Uma pessoa em fim de vida é uma pessoa viva, com as mesmas necessidades que nós.
ü  Arrependimento do que não foi feito ou terminado:
Este medo está ligado à perda de ilusões e esperança. Podemos ajudar a pessoa a reconhecer a Vida maior: ao falar da sua vida anterior, a pessoa pode vir a perceber a sua contribuição a uma Vida Maior – que faz parte duma teia muito maior. Este medo está ligado á falta de tempo que sentem para viver. É uma altura em que o acompanhante pode ajudar a pessoa a encontrar um sentido para a sua vida, olhando para trás e compreendendo como tudo o que fez até hoje faz sentido na sua vida como um todo, e onde pode olhar para desejos futuros do doente e como poderá concretizá-los de forma realista, tentando perceber o que está por trás de tal desejo o sonho.
ü  Medo de morrer em circunstâncias negativas:
Este medo está ligado à perda de sentido e de controlo do fim. Não podemos escolher o fim ou controlar tudo, mas é possível, apesar disso de sentir que a nossa vida teve sentido. Viktor Frankl, um homem que perdeu toda a sua família nos campos de concentração disse, no seu livro “O Sentido da Vida e Logoterapia” que TUDO faz sentido.
O medo de morrer em circunstâncias negativas pode ser, por exemplo, “como é que isto se vai passar: tenho medo de me sufocar”. Alguém com experiência de ver pessoas morrer pode sentar-se e explicar que na maioria das vezes, a morte é muito simples: a pessoa pára de respirar como uma vela que se apaga, mas explica que também há o risco de morrer com mais violência, por exemplo, por asfixia, ou de hemorragia. Nestes casos, os doentes sabem que isto lhes pode acontecer a eles, e ficam muito angustiados e é essencial que o médico lhes transmite a confiança de que o vai aliviar imediatamente. No entanto, quando alguém está a morrer nesse preciso instante, é mais importante ficar lá, do que sair do quarto para ir buscar ajuda.
Marie de Hennezel, numa das suas formações relatou que fizeram uma experiência na unidade de cuidados paliativos onde trabalhava. Dizia às pessoas que estavam com medo da forma como iriam morrer, de pedir a quem acreditassem, a maneira como gostaria de morrer, e que em 84% das vezes, acontecia. Contar isso aos doentes pode tranquilizá-los.


Informação retirada do Manual da Amara, de Julho de 2010

Postado por: Cátia Simões 

O CORAÇÃO NÃO ENVELHECE

O CORAÇÃO NÃO ENVELHECE

“Vai um amor, outro amor vem”
Diz um velho ditado.
Só perde àquele que tem,
Quem nada tem, não pode ser roubado
 
Se tu amas a quem não te quer,
Não chores por quem nunca tiveste.
Valorize-te, tu não és um ser qualquer.
O valor de uma pessoa, não esta na roupa que veste.
 
Não corra atrás do amor, ele só acontece!
Na roleta só alguns acertam entre os muitos jogadores,
Para o amor, o coração não envelhece.
A doçura do mel vem do néctar das flores
 
Nós somos as flores no jardim da natureza,
É imperioso darmos nossa doçura,
Mostremos das flores toda beleza,
Sem fazermos do amor uma aventura.


O coração para o amor não envelhece, a emoção não tem idade. Por ser um sentimento profundo e eterno o amor é imune ao envelhecimento. Os velhos também amam!".



Retirado do site: http://sitedepoesias.com/poesias/62212 Postado por: Cláudia Almeida 3º GS

terça-feira, 24 de maio de 2011

A importância da Transpessoalidade

Na actualidade já se fala de psicologia transpessoal como sendo a quarta força da psicologia, mas ainda são poucas as pessoas pelo menos em Portugal que se entregam a esta vertente da psicologia, por desconhecimento ou por negação mas a verdade é mesmo essa, são poucas as pessoas que entendem a importância da transpessoalidade na vida quotidiana, como tal apresento um texto de Ricardo Angelim que nos deixa mais elucidados acerca da importância da transpessoalidade.
“As disciplinas transpessoais visam pesquisar e reabilitar experiências transpessoais por muito tempo consideradas irracionais ou patológicas. É mais correcto vê-las como progressões saudáveis que como regressões patológicas. Segundo Ken Wilber, elas não são uma "regressão a serviço do ego, mas uma evolução e uma transcendência deste"
A reabilitação e a tentativa de compreensão das experiências transpessoais possuem enorme importância do ponto de vista transcultural, pois permitem-nos entender melhor não só as diversas culturas como também as suas filosofias, religiões e artes promovendo a integração entre dados históricos e transculturais.
A razão pela qual as experiências transpessoais foram tidas em tão alta conta através da história está a tornar-se mais clara à medida que as pesquisamos mais de perto. Elas oferecem significativos benefícios psicológicos e sociais. As experiências transpessoais podem com frequência - embora nem sempre - produzir drásticas e duradouras mudanças psicológicas de carácter benéfico. Elas podem proporcionar uma noção de sentido e de finalidade, resolver dilemas existenciais e inspirar um interesse compassivo em relação à humanidade e ao planeta. Uma única experiência transpessoal pode, com efeito, mudar para sempre a vida de uma pessoa. Além disso, há indícios cada vez mais fortes de que a ausência de tais experiências esteja por trás de uma parte considerável das patologias individuais, sociais e globais que nos cercam e ameaçam.
As experiências transpessoais apontam na direcção de possibilidades humanas. Elas dão a entender que certas emoções, motivações, capacidades cognitivas e estados de consciência podem ser cultivados e depurados a um grau muito além da norma.
As tradições contemplativas, por exemplo, indicam que as emoções benevolentes, como o amor e a compaixão, podem expandir-se para abarcar não apenas as pessoas como também todas as formas de vida. Da mesma forma, elas afirmam e as primeiras pesquisas o confirmam - que a atenção pode ser estabilizada; as percepções, sensibilizadas; e as motivações, como o altruísmo e a transcendência, fortalecidas. A possibilidade de ampliar capacidades como essas é um sinal de que o desenvolvimento psicológico pode ultrapassar em muito o que imaginávamos ser o teto das possibilidades humanas.Seguem-se duas implicações cruciais: os estados mais elevados de consciência - nos quais as pessoas atingem capacidades acima e além das normais - estão disponíveis a todos nós; e o nosso estado habitual de consciência - que geralmente se presume ser o melhor - na verdade não expressa o máximo do potencial humano. Uma das novas descobertas tem consequências extensas e profundas: os estados de consciência podem apresentar aquilo que se conhece por especificidade de estado ou limitações específicas de estado. Isso significa que o que se compreende e aprende num estado de consciência pode ser mais difícil de compreender em outro. Assim, mesmo o mais profundo entendimento adquirido num estado alternativo pode ser incompreensível para quem jamais atingiu aquele estado.”

Postado por Margarida Lourenço

Consciência do objecto e consciência do espaço

“A vida da maior parte das pessoas está atravancada de coisas: coisas materiais, coisas a fazer, coisas em que pensar. A vida de cada individuo reflecte assim a História da Humanidade, que Winston Churchill definiu como “uma coisa atrás da outra”. As mentes estão cheias de um emaranhado de pensamentos, que sugem um atrás do outro. Esta é a dimensão da consciência do objecto, a realidade que predomina para muitas pessoas, razão pela qual as suas vidas são tão desequilibradas. A consciência do objecto tem de ser contrabalançada pela consciência do espaço, para que a sanidade volte ao nosso mundo e para que a Humanidade cumpra o seu destino. O despertar da consciência do espaço constitui a próxima etapa na evolução da Humanidade.
A consciência do espaço significa que, para além de estarmos conscientes das coisas – o que se resume sempre às percepções dos sentidos, pensamentos e emoções - existe uma corrente mais profunda de consciência. A consciência implica que não só temos consciência das coisas (dos objectos), como também temos consciência de termos consciência. Se formos capazes de sentir uma paz interior alerta enquanto as coisas estão a acontecer no primeiro plano – é isso! Esta dimensão existe em toda a gente, mas a maior parte das pessoas não tem a menor consciência dela.
A consciência do espaço representa não s+o a libertação do ego, mas também da dependência das coisas deste mundo, do materialismo e da materialidade. É a dimensão espiritual que tem a capacidade de, por si só, dar a este mundo um significado transcendente e verdadeiro.
Quando um acontecimento, uma pessoa ou uma situação nos incomoda, a verdadeira causa deste incómodo não é o acontecimento, a pessoa ou a situação, mas sim a perda da verdadeira perspectiva que apenas o espaço nos pode conceder. Ficamos presos à consciência do objecto, sem estarmos cientes do espaço interior intemporal da própria consciência”.

Bibliografia
Tolle, Eckhart. Um mundo novo – Despertar para a Essência da Vida. 2.ª Edição. Editora Pergaminho. Lisboa. 2009

Postado por: Clara Isabel Monteiro

Carregar o passado

“A incapacidade, ou melhor, a relutância de a mente humana abandonar o passado é maravilhosamente ilustrada na história de dois monges Zen, Tanzan e Ekido, que caminhavam ao longo de uma estrada em terra batida, que tinha ficado completamente enlameada depois de umas fortes chuvadas. Perto de uma aldeia, depararam-se com uma rapariga que queria atravessar a estrada, mas a lama era tanta que teria arruinado o quimono de seda que trazia vestido. Tanzan prontificou-se a pegar nela ao colo e transportou-a para o outro lado.
Os monges prosseguiram o seu caminho em silêncio. Cinco horas mais tarde, quando se aproximavam do templo onde estavam instalados, Ekido não se conseguiu conter mais e perguntou: “Porque levaste aquela rapariga ao colo para o outro dado da estrada?” “ Os monges não devem fazer esse tipo de coisas.”
“Eu deixei a rapariga lá há várias horas”, respondeu Tanzan. “Ainda estás com ela ao colo?”
Agora imagine como seria a vida de alguém que é sempre como Ekido, incapaz de abandonar internamente as situações, ou reticente em fazê-lo, acumulando cada vez mais “tralha” dentro de si, e poderá ter uma ideia de como é a vida para a maioria das pessoas no nosso planeta. Que pesado fardo do passado carregam nas suas mentes!
O passado continua vivo dentro de nós através das memórias, mas as memórias em si não constituem um problema. Na realidade, é através delas que aprendemos com o passado e com os erros do passado. Só quando as memórias, ou seja, os pensamentos sobre o passado nos dominam por completo é que se transformam num fardo, se tornam problemáticas e passam a fazer parte da nossa noção de identidade. A nossa personalidade, que é condicionada pelo passado, transforma-se então numa prisão. As nossas memórias estão imbuídas de uma noção de identidade, e a nossa história converte-se na pessoa que julgamos ser. Este “pequeno eu” é uma ilusão que encobre a nossa verdadeira identidade, a Presença intemporal e informe.
Contudo, a nossa história não consiste apenas na memória mental, mas também na memória emocional – antigas emoções que são permanentemente revividas. Como no caso do monge, que carregou o fardo do seu ressentimento durante cinco horas, alimentando-o com os seus pensamentos, a maior parte das pessoas carrega uma enorme quantidade de bagagem desnecessária, tanto mental como emocional, ao longo da sua vida. As pessoas limitam-se a si próprias através das mágoas, arrependimentos, hostilidade, culpa. O seu pensamento emocional tornou-se a sua identidade e, por isso, ficam presas às antigas emoções, visto que estas fortalecem a sua identidade.
Devido à tendência humana para perpetuar antigas emoçõs, quase todas as pessoas carregam no seu campo energético uma acumulação de dor emocional antiga, que se designa por “corpo de dor”.
Porém, podemos parar de acrescentar coisas ao corpo de dor que já possuimos. Podemos aprender a quebrar o hábito de acumular e perpetuar antigas emoções batendo as nossas asas, metaforicamente falando, e abstendo-nos de viver mentalmente no passado, quer algo se tenha passado ontem quer há trinta anos. Podemos aprender a não manter as situações ou os acontecimentos vivos nas nossas mentes, mas a voltar a focar a nossa atenção continuamente no momento presente primitivo e intemporal, em vez de estarmos presos aos filmes que elaboramos mentalmente. Então, é a nossa própria Presença que se torna a nossa identidade, m vez dos nossos pensamentos e emoções.
Nada do que possa ter acontecido no passado nos pode impedir de estarmos prsentes agora; e se o passado não nos pode impedir de estarmos presentes agora, que poder tem ele?”

Bibliografia
Tolle, Eckhart. Um mundo novo – Despertar para a Essência da Vida. 2.ª Edição. Editora Pergaminho. Lisboa. 2009

Postado por: Clara Isabel Monteiro

Realidade

"A realidade é experienciada de forma diferente por cada indivíduo em vários momentos da sua própria existência.
Todos sabemos que a experiência da realidade, ou melhor, das realidades, dependem de vários factores, como, por exemplo, o nosso condicionamento social, os estímulos de consciência que experienciamos em certos momentos da nossa vida.
Num estado usual de consciência assimilamos e interpretamos as informações que nos são transmitidas pelos nossos sentidos em unidades de significância. Quando olhamos o mundo à nossa volta, os nossos olhos selecionam certas informações as quais “arquivamos” como um quadro parcial da realidade física. Os nossos sentidos não são capazes de apreender o todo processual e dinâmico do nosso modo de existir, no nosso universo interno e externo. Vemos o mundo como um composto de coisas diferentes, as quais são separadas umas das outras por espaço; e conseqüentemente nos tornamos conscientes de um filme interior (produto do processo de re-cognição), de um mundo composto de objetos mais ou menos estáticos. Se olharmos, por exemplo, para o sólido e elegante edifício da Biblioteca Real da Dinamarca em Copenhaga, estaremos, de certa forma, a experienciar aquela construção, formidável e sólida, como algo quase eterno. Certamente, não pensaremos na possibilidade de que aqueles materiais que compõem aquele edifício não estavam ali, naquele lugar, à quinhentos anos atrás, e nem chegaremos a pensar que todos aqueles materiais  compostos  de moléculas e átomos estão em movimento e transformação constante. Não seremos capazes de perceber que esse edifício está a envelhecer no aqui e agora, mas na realidade, a cada segundo, este edifício, aparentemente tão sólido e elegante, está em constante deteriorização; e mesmo que conservado e reparado muitas vezes, num tempo mais distante, aqueles materiais que hoje fazem este edifício, dispersados pelo vento do tempo, não estarão mais ali.
Este modo de perceber, é uma consequência psicológica da dimensão cognitiva humana, que faz com que, dificilmente, estejamos conscientes da transformação constante que acontece no nosso corpo agora e em cada momento desde o nascimento até a morte. Este modo específico de aprender a realidade, é, provavelmente, a causa principal pela qual conceptualizamos o universo de uma forma dualística, criando, freqüentemente, rígidas separações entre o eu o os outros, corpo e mente, vida e morte."

Webliografia
http://www.abptranspessoal.com/artigos.htm

Postado por: Clara Isabel Monteiro

domingo, 22 de maio de 2011

As sete Leis Espirituais para o Sucesso – Deepak Chopra


No dia 7 de Maio, descrevi segundo D. Chopra as 7 leis espirituais para o sucesso. Como já todos nós sentimos, os tempos que se "avizinham" parecem ser um tanto complicados para todos nós. Mas, cabe-nos mudar um pouco a nossa mentalidade e lutar pelos nossos objectivos.
Sendo assim, propunha um exercício que tem a duração de uma semana para atingirmos o sucesso. 

Domingo: A Lei da Potencialidade Pura
  • Entrar em contacto com o campo da Potencialidade Pura, reservando um momento do dia para ficar em silêncio, para apenas ser. Ficar sozinho em meditação silenciosa pelo menos duas vezes por dia, aproximadamente 30 min pela manhã e 30 min à noite.
  • Reservar um período do dia para comungar a natureza e observar em silêncio a inteligência que há em todas as coisas vivas. Ficar em silêncio e assistir o pôr-do-sol, ouvir o ruído do oceano ou de um rio, ou até simplesmente sentir o perfume de uma flor. No êxtase do silêncio e em comunhão com a natureza, desfrutar a pulsação vital das eras, o campo da Potencialidade Pura e da Criatividade Ilimitada.
  •  Praticar o não-julgamento:"hoje não julgarei nada que aconteça" e durante todo o dia lembrar de não fazer julgamentos.
Segunda-feira: A Lei da Doação
  •   Presentear a todos com quem mantemos contactos, em todos os momentos e lugares que formos (cumprimentos, flores, orações etc.). Estará assim desencadeando o processo de circulação de energia, de alegria, de riquezas, de abundância, na sua vida e na dos outros.
  • Receber agradecido as dádivas que a vida nos oferece (a luz do sol, o canto dos pássaros, as flores, a neve do inverno etc.), estar aberto para receber dos outros, seja um presente material, seja dinheiro, um cumprimento, uma oração.
  • Assumir o compromisso de manter a riqueza circulando, dando e recebendo os bens mais preciosos: carinho, afeição, apreço, amor. Desejar, em silêncio, felicidade e muita alegria toda vez que encontrar alguém.
Terça-feira: A Lei do Carma ou de Causa e Efeito
  • Observar e trazer para a percepção consciente as escolhas que fazemos a todo momento. Ter bem claro que a melhor maneira de se preparar para todos os momentos do futuro é estar plenamente consciente do presente.
  •   Diante da escolha, pergunte: "quais serão as consequências desta escolha?", "esta escolha trará satisfação e felicidade a mim e aos outros que serão afectados por ela?"
  • Pergunte ao seu coração e perceba a mensagem enviada por ele, através das sensações de conforto e desconforto; diante disso você saberá realizar uma escolha correcta espontânea, para si e para os outros.
Quarta-feira: A Lei do Mínimo Esforço
  • Praticar a Aceitação, dizendo: "hoje aceitarei pessoas, situações, circunstâncias, todos os fatos como eles se manifestarem". Saber que o momento é como deve ser. Dizer a si mesmo: "minha aceitação será total e completa; verei as coisas como elas são e não como eu gostaria que fossem".
  • Assumir a Responsabilidade pelas situações e por fatos que considere problemáticos; isso inclui não culpar a ninguém ou a alguma coisa. Todo problema traz em si uma oportunidade para transformá-lo em algo de imenso benefício.
  • Assentar a percepção na Indefensibilidade, desistir da necessidade de defender seus pontos de vista e de convencer os outros a aceitá-los; permanecer aberto a todos os pontos de vista e não se prender a nenhum deles.
Quinta-feira: A Lei da Intenção e do Desejo
  • Fazer uma lista de todos os seus desejos. Carregar esta lista para todos os lugares. Olhar para ela antes de mergulhar no silêncio e meditação. Olhar antes de adormecer à noite. Olhar quando acordar pela manhã.
  • Liberar a lista de seus desejos e soltar no ventre da criação. Se as coisas não saírem como deseja, há uma razão no plano cósmico para isso.
  •   Lembrar de praticar a consciência do momento presente em todas as acções. Não permitir que os obstáculos consumam e dissipem a qualidade da atenção no momento presente. Aceitando o presente como ele é, o futuro se manifestará nas intenções e desejos mais caros e profundos.
Sexta-feira: A Lei do Distanciamento
  • Comprometer-se hoje com o distanciamento. Dar a si próprio e aos outros a liberdade de ser o que é. Evitar a imposição rígida de suas ideias de como as coisas devem ser. Não forçar soluções de problemas, criando assim outros. Participar de tudo, mas com envolvimento distanciado.
  • Transformar a incerteza em um ingrediente essencial da própria experiência. Na disponibilidade para aceitar a incerteza, as soluções emergirão espontaneamente do próprio problema, da própria confusão, da desordem, do caos. Quanto mais incertas forem as coisas, mais seguro deverá se sentir, porque a incerteza é o caminho da Liberdade. Através da Sabedoria da Incerteza encontrará segurança.
  • Entrar no campo de todas as possibilidades e antecipar a excitação que pode ocorrer quando se está aberto a uma infinidade de escolhas. Quando entrar no campo de todas as possibilidades, experimentará toda a diversão, toda a magia, todo o mistério, toda a aventura da vida.
Sábado: A Lei do Darma ou o Propósito da Vida
  • Nutrir amavelmente a divindade que hoje habita em você, no fundo de sua alma. Prestar atenção ao espírito que anima seu corpo e sua mente. Despertar desse profundo sono dentro de seu coração. Carregar consigo a consciência da atemporalidade, do ser eterno, em todas as experiências limitadas pelo tempo.
  • Fazer uma lista de seus talentos únicos. Depois, outra lista das coisas que adora fazer quando esta expressando esses talentos. Diga então: "quando eu os expresso e os ponho em serviço da humanidade, perco a noção do tempo e crio a abundância em minha vida, bem como na vida dos outros."
  •  Perguntar a si mesmo diariamente: "como eu posso servir?" e "como posso ajudar?" As respostas a essas perguntas permitirão ajudar e servir a seus semelhantes com amor. 


Como podem verificar, não custa nem doí nada. Basta empenharmos-nos e dedicar um pouco do nosso tempo para um bem maior.

Votos de uma boa semana cheia de sucessos.


Referências bibliográficas:



Postado por: Catarina Sofia Pereira